Nesta sexta-feira, 13 de setembro, completa 13 anos que uma parada cardíaca matou o médico e ex-vereador Alfredo Rodrigues Brianez, pioneiro de Mandaguari, que em quase 65 anos de trabalho tratou de milhares de pessoas de toda a região. Ao lado da mulher, a pioneira Geni Brianez, o Dr. Alfredo testemunhou o nascimento de Mandaguari e todas as transformações ocorridas na cidade, no Paraná e no Brasil.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) do Paraná prestou homenagem ao médico pioneiro de Mandaguari.
Nascido em Ourinhos (SP) e criado em Cambará (Norte Pioneiro), mudou-se para Curitiba para estudar Medicina na Universidade Federal do Paraná (UFPR), por sonho e incentivo da família. Lá ele conheceu Geni Matzenbacher, com quem se casou.
Nos seus últimos dias de vida, Alfredo Brianez falava dos seus 94 anos, mas também dos 64 em que vivia em Mandaguari, cidade que viu nascer e ajudou a crescer ao lado dos milhares de trabalhadores que chegavam de todo o Brasil atraídos pela terra roxa onde nascia com vigor tudo o que se plantasse.
Nesse balanço, o doutor Alfredo certamente lamentava que a cidade dos velhos tempos não existe mais, principalmente as pessoas que ele viu tão entusiasmadas na construção da cidade, entre elas seus 11 irmãos e a esposa Geni, que lhe deu mais de 60 anos de companheirismo e quatro filhos.
A Mandaguari que Alfredo Brianez encontrou
No dia em que o recém-formado médico chegou a Mandaguari, em janeiro de 1950, o município, criado três anos antes, era o segundo maior do Paraná, estendendo-se ao norte até o Estado de São Paulo e ao oeste até o Mato Grosso (hoje a parte que é o Mato Grosso do Sul). Localidades como Maringá, Marialva, Mandaguaçu, Paiçandu, Nova Esperança e Sarandi eram vilas ou distritos de Maringuari.
O município contava com 41 mil habitantes, mas onde hoje é Mandaguari eram cerca de 14 mil moradores, mas quase toda a população vivia na zona rural, derrubando matas para a plantação de cafezais e só aparecia no pequeno povoado aos sábados e domingos.
A cidade ainda não tinha água encanada, luz elétrica e nem um palmo sequer de asfalto. Nos dias de sol, o um poeirão vermelho cobria a pequena cidade devido ao movimento de carroços, charretes e caminhões de traziam café em coco das fazendas para o beneficiamento nas cerealistas da cidade, depois estocado nos muitos armazéns para ser levado para os portos de Santos e Paranaguá para chegar a outros continentes.
Já naquela época o café era a base da economia e muitas famílias que iniciaram a cafeicultura em Mandaguari continuam até os dias atuais, apesar das geadas e estiagens.
Com 29 anos e já casado, o doutor Alfredo instalou um pequeno consultório e, apesar de existirem outros médicos na pequena comunidade, logo tornou-se o preferido de Mandaguari, recebendo pacientes que chegavam de lugares onde hoje estão cidades como Maringá, Cianorte, Umuarama.
Hospital Marina Brianez foi referência na região
Trabalhava muito, principalmente nos sábados e domingos, que eram os dias em que o povo ia para a cidade fazer compra, consultas, se divertir assistindo aos jogos do MEC, o Mandaguari Esporte Clube. Um ano depois, ele inaugurava o maior hospital da região, o primeiro em alvenaria, ao qual deu o nome de Marina Brianez em homenagem à sua mãe.
No Marina Brianez trabalharam alguns dos mais conceituados médicos que depois se instalaram em municípios como Maringá, Londrina, Apucarana, Cianorte, Umuarama, entre eles os fundadores do Hospital Santa Rita de Maringá.
O doutor Alfredo e dona Geni formavam um dos casais mais atuantes da nascente sociedade, participaram da criação de clubes, entidades assistenciais, cooperativas de produtores. Essa atuação deu ao médico prestígio para se eleger três vezes vereador e uma vez vice-prefeito.
Quando o doutor Alfredo festejou 60 anos de Mandaguari e o mesmo tempo de prática da medicina, os filhos, sobrinhos e netos aventaram que estava na hora de descansar, o senhor franzino de 90 anos deixou claro que medicina é sua missão, que ama o trabalho e que não saberia ficar parado. E no dia seguinte estava novamente no consultório atendendo uma média de 25 pessoas por dia.
Por que o senhor escolheu morar em Mandaguari, quando podia ter ido para uma cidade com mais estrutura?
A efervescência que o norte do Paraná vivia naqueles dias mostrava que aqui estava nascendo uma das regiões mais prósperas do Brasil. Seis dos meus 11 irmãos já estavam aqui derrubando matas e eu quis ficar perto deles.
Aos 90 anos, quais as grandes tristezas da vida?
A tristeza é ver que todos aqueles que amávamos na juventude já se foram. Perdi minha querida esposa e todos meus irmãos, muitos dos primeiros amigos que vi com grande entusiamo trabalhando para criar essa cidade.
E as grandes alegrias?
A alegria é praticar 60 anos de medicina mantendo a credibilidade, receber o Diploma de Mérito Ético-Profissional, instituído pela Resolução Conselho Regional de Medicina do Paraná para homenagear os médicos que tenham completado 50 anos ininterruptos de atividade sem sanção ético-profissional e com relevante e exemplar conduta médica, ter os filhos bem encaminhados, a chegada dos bisnetos e ver que cinco dos meus 10 netos também escolheram ser médicos.
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