A equipe que tem o menor orçamento entre todas que participam da Superliga ficou neste ano entre as grandes do vôlei brasileiro e tem planos para chegar ainda mais longe
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Luiz de Carvalho
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Quando adotou a frase “Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar”, Aldori Gaudencio não sabia que seu autor era o guru indiano Osho (Rajneesh Chandra Mohan Jain) e nem mesmo o que ela significava. Aliás, ele não escolheu frase, escolheu a filosofia, mas ainda nem sabia disto. A primeira vez que sentiu o coração vibrar ele era ainda menino. Foi quando pisou numa quadra para, pela primeira vez, jogar vôlei e descobriu que era aquilo o que queria fazer para o resto da vida.
Hoje, alguns anos depois Aldori possivelmente não tenha descoberto de quem é a frase que ele adotou, mas continua sentido o coração vibrar e fazendo o que escolheu para toda sua vida: vôlei. É vôlei pela manhã, à tarde e à noite ele vai para casa assistir vídeos de partidas de vôlei, ler livros sobre vôlei, estudar estratégias para jogos à frente.
O menino que entrou numa quadra de esportes a primeira vez em Figueira, cidade paranaense em que nasceu e cresceu, nos últimos anos caminha nervosamente ao lado da quadra junto com lendas como Zé Roberto Guimarães, Nicola Negro, Marcelo Negrão, Luizomar de Moura, Duda Nunes e Bernardinho, seus ídolos, que agora são também adversários à frente das grandes equipes do voleibol do Brasil.
Jogador com espírito de técnico
Da mesma forma que tem olhar para perceber um talento como jogador de vôlei, o técnico Dema (Valdemar Umbelino da Silva) tem olhos de lince para descobrir um treinador.
Depois de se destacar como jogador em sua pequena Figueira, Aldori Gaudêncio Junior conseguiu que seus pais o deixassem ele mudar para Maringá para jogar em times maiores. E foi aí que em 2010 ele achou a Amavôlei, fundada por Dema desde o fim do patrocínio da Cocamar para o vôlei de Maringá. Logo Dema percebeu que Aldori tinha jeito também para técnico e o levou como auxiliar para treinar as equipes de base, formadas por garotos e meninas de 12, 13 anos.
“Com a orientação do Dema e um jeito natural para o trabalho, fui aprendendo e logo pude montar meu próprio projeto”, conta o técnico da Unilife Maringá, única equipe de vôlei feminino do Paraná e uma das 12 no Brasil disputando a Primeira Divisão da Superliga.
O primeiro projeto foi em Telêmaco Borba e logo a equipe de Aldori começou a ganhar jogos, depois campeonatos. Isto lhe deu visibilidade, portas se abriram e os convites apareceram. Foi trabalhar em Londrina, depois em Ponta Grossa e em 2020 seu antigo técnico o chamou para trabalhar em Maringá. Dema, que já tinha se aposentado como treinador, queria se aposentar também como gestor, mas queria um substituto que mantivesse viva a chama da Amavôlei.
Projeto dos sonhos
O sonho de Aldori era disputar a Superliga Feminina de Vôlei, mas para isso não bastava apenas ter um time dentro de quadra, “precisávamos dos profissionais certos para as funções certas, parceiros, enfim, gente que também acreditasse no projeto”.
Ainda em 2020, a Amavôlei, agora com o nome do patrocinador, Unilife Maringá, disputou a terceira divisão, a Superliga C. Ganhou e foi para a Segunda Divisão no seguinte: ganhou de novo e foi a realização de um sonho quando a equipe chegou à Primeira Divisão da Superliga, onde ia enfrentar as maiores equipes do Brasil, como Flamengo, Osasco, Cruzeiro, Fluminense, Pinheiros, enfim, aqueles times cheios de jogadoras da seleção brasileira, que a gente vê na televisão partipando de grandes competições. E o garoto de Figueira estaria ao ladro da quadra de igual para igual com Bernardinho e Zé Roberto Guimarães, dois dos maiores técnicos de voleibol do mundo, colecionadores de medalhas olímpicas.
“Desde o primeiro ano, eu, os demais gestores e a equipe técnica, programamos onde chegaríamos a cada temporada. E deu certo. Estamos há três anos na Série A e em cada ano chegamos onde programamos. Neste ano, o objetivo era chegarmos aos playoffs e ficamos a 1 ponto deles. De agora em diante o objetivo é jamais deixar de se classificar entre os oito primeiros, disputarmos a Copa Brasil todos os anos. Mas, nos próximos anos visamos a ficar entre os seis primeiros, depois entre os quatro e uma hora realizarmos o sonho de disputarmos um título em pleno Chico Neto. É um sonho? Claro, assim como era um sonho chegar à Superliga, assim como era um sonho disputarmos a Copa Brasil e chegarmos aos playoffs da Superliga. Isso faz o coração vibrar”.
One thought on “Movido a sonhos, projetos e muito trabalho, Aldori Gaudêncio coloca o vôlei de Maringá na elite”