Luiz de Carvalho
Quase ninguém ficou sabendo que o cara esquisitão e calado que dirigiu a Redação do O Jornal de Maringá na década de 1960 era um poeta publicado por grandes editoras, tradutor de clássicos da literatura européia, entre elas “Os Miseráveis” de Victor Hugo, e um trotskista de militância histórica que na verdade veio para Maringá fugindo dos órgãos de repressão da ditadura militar.
Hylario Correa participou da Batalha da Praça da Sé, em 1934, em São Paulo, o episódio histórico que foi a primeira grande vitória antifascista pela Frente Única das Esquerdas, composta naquela época pelo PCB, Liga Trotskista, PSB, os anarquistas e elementos da Força Pública paulista sob a liderança do tenente João Cabanas, herói da Coluna Prestes. Dez mil camisas-verdes (fascistas) foram postos para correr pela união das forças democráticas.
Por ocasião do malogrado Levante Comunista de 1935, o jornalista foi preso pela polícia política da ditadura de Getulio Vargas, permanecendo no Presídio Maria Zélia, em São Paulo, por 14 meses, junto com os escritores Monteiro Lobato e Eduardo Maffei.
O jornalista Laércio Souto Maior, que foi editor de O Diário e que nunca negou a paixão pelo comunismo, foi amigo pessoal de Hylario e conta que eram espantosos a cultura, a consciência política e o domínio da Língua Portuguesa do jornalista que se escondeu em Maringá e aqui permaneceu até a morte. Quando faleceu, Corrêa vivia na Vila Guadiana, em Mandaguaçu.
“A História de Três Herois” – Veja um texto de Hylario Correa
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