Um trotskista passou por aqui

Luiz de Carvalho

Quase ninguém ficou sabendo que o cara esquisitão e calado que dirigiu a Redação do O Jornal de Maringá na década de 1960 era um poeta publicado por grandes editoras, tradutor de clássicos da literatura européia, entre elas “Os Miseráveis” de Victor Hugo, e um trotskista de militância histórica que na verdade veio para Maringá fugindo dos órgãos de repressão da ditadura militar.

Em 1967, Hylario Correa, o deputado estadual Silvio Barros, Laércio Souto Maior e o administrador de Itambé Arquivo Láercio Souto Maior

Hylario Correa participou da Batalha da Praça da Sé, em 1934, em São Paulo, o episódio histórico que foi a primeira grande vitória antifascista pela Frente Única das Esquerdas, composta naquela época pelo PCB, Liga Trotskista, PSB, os anarquistas e elementos da Força Pública paulista sob a liderança do tenente João Cabanas, herói da Coluna Prestes. Dez mil camisas-verdes (fascistas) foram postos para correr pela união das forças democráticas.

Por ocasião do malogrado Levante Comunista de 1935, o jornalista foi preso pela polícia política da ditadura de Getulio Vargas, permanecendo no Presídio Maria Zélia, em São Paulo, por 14 meses, junto com os escritores Monteiro Lobato e Eduardo Maffei.

O jornalista Laércio Souto Maior, que foi editor de O Diário e que nunca negou a paixão pelo comunismo, foi amigo pessoal de Hylario e conta que eram espantosos a cultura, a consciência política e o domínio da Língua Portuguesa do jornalista que se escondeu em Maringá e aqui permaneceu até a morte. Quando faleceu, Corrêa vivia na Vila Guadiana, em Mandaguaçu.

 

“A História de Três Herois” – Veja um texto de Hylario Correa

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