Ruy Maurity

Morre Ruy Maurity, autor de “Serafim e seus filhos”

♪ “Eu vi chover, eu vi relampiar / Mas mesmo assim o céu estava azul / Samaborê pemba, folha de Jurema / Oxossi reina de norte a sul”.

 

Esse ponto de umbanda de 1976 não foi composto por nenhum dos negros que compunham músicas para os terreiros. Antes, foi daqueles sucesso dos tempos do rádio que tocavam o dia inteiro e certamente o ouvinte poderia ouvi-lo várias vezes ao dia simplesmente mudando de estação em estação.

“Nem ouro, nem prata” foi mais um sucesso retumbante de Ruy Maurity, um dos cantores mais tocados da década de 1970 e um dos favoritos da TV Globo para músicas em suas novelas. Compôs, inclusive tema de abertura.

“Nem ouro nem prata”, samba que deu título ao quarto álbum de Ruy Maurity, foi regravado por Teresa Cristina, 31 anos depois, no álbum Delicada (2007).

 

Composto em parceria com José Jorge, “Nem ouro nem prata” se tornaria um dos maiores sucesso da carreira de Rui Maurity de Paula Afonso (12 de dezembro de 1949 – 1º de abril de 2022), cantor e compositor fluminense nascido em Paraíba do Sul (RJ).

 

Ruy morreu na madrugada de hoje em hospital da cidade do Rio de Janeiro (RJ), aos 72 anos, após ter ficado dias em coma em decorrência de duas paradas cardíacas sofridas após exame de endoscopia.

O cantor e compositor é irmão do compositor, pianista e arranjador Antonio Adolfo, que, por sinal, fez arranjos para músicas de Ruy Maurity.

Ele deixa obra que também destaca a épica canção ruralista “Serafim e seus filhos”, de 1972, também composta em parceria com José Jorge. Foi uma das músicas mais gravadas da dupla. Uma gravação de sucesso foi feita por Sérgio Reis.

Lançada há 50 anos no álbum Em busca do ouro (1972), disco assinado por Ruy Maurity & Trio, “Serafim e seus filhos” tem letra que recorre ao realismo fantástico em versos que se afinam com a melodia envolvente da música.

 

Mais um filho dos festivais de música

Revelado em 1968, ano em que teve a música “Arruaça” (composta com José Jorge) defendida no I Festival Universitário de Música Brasileira pela cantora Sônia Lemos, Maurity teve outras duas parcerias com José Jorge gravadas por Maysa (1936 – 1977) em 1969, “Estranho mundo feliz” e “Quebranto”, antes de vencer em 1970 o III Festival Universitário de Música Brasileira com a música “Dia cinco” (mais uma das muitas parcerias com José Jorge).

Em que pese a militância no circuito de festivais da década de 1960, Ruy Maurity alcançou de fato projeção ao longo dos anos 1970, década em que lançou sete álbuns.

 

Marcas do que se foi

Fora do território interiorano, Ruy Maurity foi um dos compositores – ao lado de José Jorge, Paulo Sérgio Valle, Tavito (1946 – 2019), Ribeiro e Márcio Moura – da canção Marcas do que se foi (1976), de autoria oficialmente creditada à produtora de jingles Zurana. Marcas do que se foi foi apresentada em 1976 como tema de fim de ano da TV Globo.

Citando versos da canção, os passos de Ruy Maurity pelo chão do Brasil vão ficar.

 

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