Belino Bravin, campeão de mandatos na Câmara de Maringá, e Altamir da Lotérica foram denunciados por empregar parentes como assessores da Câmara; os dois vereadores de Maringá são cassados somente 17 anos depois de denunciados pelo Ministério Público
Luiz de Carvalho
A Câmara Municipal de Maringá, que recentemente sofreu modificação com a cassação do mandato do vereador Flávio Mantovani (Rede), agora perde dois de seus vereadores mais antigos, Belino Bravin Filho (PSD, eleito oito vezes, e Altamir Antonio dos Santos, o Altamir da Lotérica (Podemos), que acabam de ter seus mandatos cassados pela Justiça por prática de nepotismo.
A denúncia contra os vereadores foi feita pelo Ministério Público em 2006 e de lá até dezembro de 2022 foi uma maratona de decisões e recursos. Em dezembro, quando o Superior Tribunal de Justiça (STE) sentenciou os dois vereadores à perda de seus mandatos, seus advogados ainda tentaram, sem êxito, levar o caso para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Até o fechamento desta matéria, o presidente da Câmara, Mário Hossokawa (PP), ainda não tinha sido comunicado oficialmente sobre a decisão, mas já estava informado que o juiz Leandro Albuquerque Muchiuti, da 2ª. Vara da Fazenda Pública da Comarca de Maringá, deferiu na quinta-feira, 13, o pedido do Ministério Público Estadual para o cumprimento da decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Assim que a Câmara for oficializada, o presidente fará a convocação do procurador do município Jean Marques, que já foi vereador na última legislatura e é o suplente de Altamir da Lotérica no Podemos. A cadeira de Bravin será ocupada pela professora Vera Lopes, que foi candidata a vereadora pelo PSD e ficou na primeira suplência.
Nepotismo na Câmara de Maringá era prática comum
A mesma decisão que atingiu Altamir e Bravin cassa os direitos políticos por três anos dos ex-vereadores Aparecido Regine Zebrão, John Alves, Marly Martins, Odair Fogueteiro, Dorival Ferreira, Edith Dias de Carvalho e Chico Caiana, que morreu em julho de 2020 quando cumpria seu terceiro mandato. Todos foram denunciados pelo MP em 2006 por empregarem parentes como assessores, em funções que iam de R$ 250 a R$ 5 mil. A soma dos salários pagos a esses assessores chega a R$ 10 milhões.
Cassação antecipa a sucessão
Os dois vereadores de Maringá são cassados no momento em que Bravin já organizava sua herança política. Representante do distrito de Floriano, porém como boa votação também na área urbana de Maringá, ele é o terceiro da família a entrar para a política. Antes, Floriano foi representado por Belino Bravin, pai do Bravin de hoje. Depois pelo cartorário Antonio Facci, cunhado de Bravin que chegou a ser deputado estadual.
Nos últimos anos é visível o esforço de Bravin para transformar o filho Leandro em seu herdeiro político. Além de ter forçado a candidatura do filho a deputado estadual, o vereador agora cassado faz o possível para colar a imagem de Leandro à sua, inclusive nas mensagens que divulga em datas especiais, como Natal, Páscoa e outras.
O sonho do representante de Floriano é continuar como vereador ainda por muitos anos e fazer de Leandro Bravin deputado estadual, mas como ele agora perde os direitos políticos por três anos, não deverá disputar a próxima eleição para a Câmara e aí será a hora de testar sua capacidade de seu imenso e antigo patrimônio eleitoral.