O cônego Benedito Vieira Telles, que mora em Maringá desde 1944 e foi o primeiro padre ordenado da Diocese de Maringá, está internado desde sábado, 2, com diagnóstico de covid-19. Ele já tomou as duas doses da vacina e possivelmente a 3ª. dose, disponibilizada pela Secretaria de Saúde para sua faixa etária.
De acordo com o Hospital Paraná, onde está internado, o religioso de 93 anos tem quadro estável e respira com auxílio de um cateter de oxigênio
Cônego Telles, pioneiro em tudo
A história do padre Telles é cercada de fatos que fazem dele “pioneiro em tudo”, a começar pela decisão de ser padre. Com nove anos de idade, ainda morando no distrito de Campo Místico, hoje cidade e comarca de Bueno Brandão, em Minas Gerais, ele disse à mãe que ia ser padre.A partir daí, o menino, que era o penúltimo de 12 irmãos, se dedicou à formação religiosa.
Como maringaense ele é também pioneiro. Ele e a família chegaram a Maringá em 1944, uma época em que a população se concentrava nos poucos quarteirões hoje conhecidos como Maringá Velho. Ele tinha 16 anos e hoje é um dos moradores mais antigos de Maringá.
Em 1960, outro lance de pioneirismo. O jovem Benedito Vieira Telles retornava do seminário e foi o primeiro padre ordenado da Diocese de Maringá, pelo primeiro bispo, dom Jaime Luiz Coelho. Não só foi o primeiro ordenado, mas também o primeiro morador de Maringá a ser ordenado padre.
Após a ordenação, o padre Telles foi à cidade em que nasceu e rezou sua primeira missa na Matriz de São Bom Jesus da Pedra Fria, igreja em que foi batizado, crismado, fez Primeira Comunhão. Foi nessa mesma igreja que ele teve a decisão de ser padre.
Aquele 16 de julho de 1960 é inesquecível para o cônego Telles: presentes à sua primeira missa, sua mãe, irmãos, parentes, amigos e colegas de infância, incontáveis conterrâneos e o Povo de Deus.
Nisso há outro pioneirismo: ele foi o primeiro filho da cidade de Bueno Brandão a ser ordenado padre.
O linguista escolhido por João Paulo II
Muita gente, inclusive os religiosos, vai a Roma querendo ver o papa. O cônego Telles foi a Roma porque o papa queria vê-lo.
Telles sempre foi louco pelo saber e, por isso, estudo de tudo: Teologia, Filosofia, Filosofia Pura, Direito, línguas mortas e vivas. Foi professor na Universidade Estadual de Maringá (UEM) desde antes de ela existir e lá ficou quase 40 anos.
Quando fazia mais um curso na Europa, foi procurado por um bispo com o recado que o papa queria vê-lo. Assim que chegou ao Vaticano, foi recebido pessoalmente e festivamente por João Paulo II, que o avisou que ele, Telles, seria seu professor de Português por indicação de outros religiosos próximos ao papa.
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