A briga entre o presidente da Câmara de Maringá, Mário Hossokawa (PP), e a vereadora Cris Lauer (PSC) não começou agora, ela vem desde o início da atual legislatura e já teve muitos rounds, mas chamou mais a atenção na sessão da última terça-feira, 6, quando a troca de ofensas, proferidas da tribuna da Casa, chegou a um nível bem mais elevado do que nos embates anteriores.
“Desde que entrei, só me humilharam, me xingaram e mentiram a meu respeito”, disse Cris Lauer na tribuna da Câmara, se dirigindo principalmente a um grupo de ‘patriotas’, com camisas amarelas e alguns enrolados na bandeira do Brasil, que se encontravam no plenário. Ela reclamava que os demais vereadores faziam reuniões e não a convidavam, têm até grupo de WhatsApp em que conversam, mas ela não faz parte.
A vereadora citou que o presidente da Câmara, Hossokawa, exonerou a chefe de Gabinete dela, mas que o caso foi decidido na Justiça em favor da permanência da assessora. “Mas, deixo registrado que até hoje, um ano depois, não foi pago o primeiro salário dela”.
Segundo Lauer, vários projetos dela, com parecer jurídico favorável, são barrados na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Ela alegou que se o projeto chega ao plenário para votação “vocês armam o circo de novo” e retiram o projeto sem consultá-la. Ela disse que “o próprio presidente da Casa [Hossokawa] liga para vereadores para votarem contra”.
Cris Lauer deixou a tribuna da Câmara cantando “Então me levanto, levo meu povo comigo”, versão que a cantora bolsonarista Fernanda Ôliver fez para “Stand Up”, da cantora, compositora e atriz da Broadway Cynthia Erivo.
Mário Hossokawa diz que Cris Lauer se diz a única honesta, no entanto pagou honorários de advogado particular com dinheiro público Foto: Reprodução
A vereadora não ficou sem resposta. O vereador Delegado Luiz Alves (Republicanos) criticou – sem citar nomes – “pessoas que, ao invés de sugerir uma melhoria, preferem descredibilizar ou desconstruir algo que está sendo construído”. Mais adiante, ele falou do “jogo de palavras, contra-informações, desinformações, falseamento da verdade” e disse que “não sei qual é a lógica de cegamente votar contra um projeto que é bom para a cidade”.
Hossokawa diz que Cris Lauer não tem vergonha na cara
Mário Hossokawa, que foi alvo do raivoso discurso de Lauer, também não deixou por menos e foi enfileirando contradições no discurso da vereadora, citando, inclusive, mentiras – como ter dito que concordava com o aumento no número de vereadores e salários e publicamente se colocar contra – e desonestidades – como nomear para seu gabinete e pagar honorários com dinheiro público o advogado que a defendia em processos que não dizem respeito à Câmara -.
“O que que a senhora faz pela população?”, indagou o presidente. “Nada!”, ele mesmo respondeu. “A senhora não tem vergonha de ainda ficar sorrindo, dizendo que não fez nada errado?”, continuou. Segundo ele, a vereadora responde a sete ou oito processos na Justiça. “A senhora não tem vergonha na cara, vereadora. Falsa moralista, que se diz a dona da verdade e fica pagando advogado particular com dinheiro público”.
O assunto ainda voltou à discussão no decorrer da reunião de terça-feira e tudo indica que vai continuar na pauta da Câmara de Maringá pelos próximos dois anos. Isto se um dos contendores não se reeleger. Se ambos continuarem na Câmara, a briga continua na pauta.