Grupos de Alcoólicos Anônimos são a esperança para quem acha que precisa parar de beber

Qualquer um pode ficar sem beber, desde que se conscientize que o álcool tornou-se um problema em sua vida e que é necessário evitar o primeiro gole

 

Há mais de 40 anos Maringá conta com grupos de Alcoólicos Anônimos (A.A.), seguindo o mesmo modelo de grupos que surgiram nos Estados Unidos na década de 1930 e, devido aos bons resultados, espalharam-se rapidamente por todos os continentes. São grupos formados pelos próprios alcoólicos que, em reuniões, compartilham suas experiências individuais, histórias de vida dos tempos de alcoolismo ativo e da recuperação, falam de seus conflitos, perdas e conquistas. Com essas conversas, eles encontram forças para mais um dia sem beber e assim seguem por anos e anos, um dia atrás do outro.

No inicio da década de 1980 a cidade contava com vários grupos de A.A., muitos deles em bairros para estarem sempre próximos a seus freqüentadores. Hoje são três grupos, um no Jardim Alvorada, outro no Borba Gato e o Grupo Central, na Rua Floriano Peixoto, ao lado da Paróquia do Divino Espírito Santo. Os do Borba Gato e do Alvorada estão parados devido à baixa frequência durante a pandemia da covid-19.

 

Êxito na simplicidade

“Em A.A. não fazemos registros e nem cobramos informações sobre os membros”, diz O., membro há 26 anos. “Também não temos remédios e evitamos dar conselhos. Queremos que a pessoa sinta-se à vontade, sabendo que está entre pessoas iguais, pessoas que também chegaram aqui cheias de problemas e de dúvidas e que estão conseguindo levar uma vida normal sem a bebida”.

Segundo O. “não temos uma explicação científica do porquê do nosso método funcionar, mas o importante é que dá certo. Temos gente que está há quase 40 anos sem beber e em outros lugares pessoas que morreram de velhas sem voltar ao copo. No A.A. tudo é muito simples. O programa que seguimos consiste de 12 passos, que, se executados, são importantes para que melhoremos como pessoas. Não basta só ficar sem beber se continuarmos com os mesmos os problemas. Não podemos mais ser a mesma pessoa que bebia, precisamos mudar a nós mesmos, queremos evoluir e é aí que os passos são importantes. Mas, eles são só uma sugestão”.

 

“Só eu decido por mim”

P., de 75 anos, teve um histórico de cinco décadas de trabalho em lojas de confecções e várias décadas de boteco ao encerrar o expediente. Nunca procurou o A.A. por conta própria, mas foi levado por um amigo que tinha desaparecido do bar e um dia chegou à sua casa dizendo que não bebia há um ano.

“A bebida tinha se tornando um problema para mim, estava afetando minha família e, o pior, eu tinha começado a beber durante o expediente e estava ameaçado de demissão”, contou. O amigo insistiu, insistiu e ele não foi, mas mudou de ideia no dia seguinte à demissão e ameaça de perder a família quando a mulher soube da perda do emprego.

Descabriado, humilhado, no fundo do poço – pra não dizer desesperado –  ele apareceu no Grupo Central de Maringá, que na época funcionava na Rua Néo Martins, próximo ao cruzamento com Avenida Laguna. O amigo, que não faltava a uma reunião sequer, estava fazendo café se espantou com a chegada de P. Não houve qualquer censura, houve abraço apertado.

“Chorei muito na primeira reunião, ainda chorei um pouco na segunda  e faz mais de 10 que de vez em quando ainda choro. Mas, agora choro por ver o quanto minha vida mudou desde o dia em que aqui cheguei”, conta emocionado.

Já passou muito café, limpou chão, capinou o quintal do grupo e até ajudou a consertar o telhado. Sente que o grupo é sua casa. Ali viu chegar centenas de pessoas na mesma situação que ele, muitos continuam tomando do café que ele côa, outros não estavam prontos para ficar e talvez voltem um dia.

 

Grupo Central de Maringá comemora 35 anos

Pela facilidade de acesso e ter reuniões todas as noites, o Grupo Central é a principal referência de A.A. em Maringá

O 35º. Aniversário do Grupo Central Alcoólicos Anônimos de Maringa foi comemorado na última quarta-feira, dia 13, com bolos e refrigerantes. A comemoração aconteceu durante uma reunião normal de tratamento.

Na oportunidade, o AA Arlindo, um dos membros mais antigos da instituição em Maringá, relembrou que o Grupo Central foi criado por iniciativa de membros antigos de outros grupos, especialmente do que funcionava na Paróquia São Miguel, no Jardim Aeroporto. Na época, os grupos existentes na cidade funcionavam nos bairros e eles consideravam que a cidade precisava ter um que se localizasse na região central, facilitando o acesso para todos.

A primeira reunião do novo grupo aconteceu no dia 13 de janeiro de 1986 em uma casa alugada da Avenida Brasil e alguns anos depois passou a funcionar na Avenida Mauá. O local em que o grupo permaneceu mais tempo foi em uma casa de madeira da Rua Néo Martins, próxima ao cruzamento com a Avenida Laguna, na Vila Operária. Atualmente o Grupo Central está em uma casa da Rua Floriano Peixoto, próximo à Paróquia Divino Espírito Santo.

Na opinião de Arlindo, a localização do Central sempre foi boa, tanto para quem chega dos bairros quanto para visitantes vindos de outras cidades. Isto fez com que ele se tornasse o principal grupo de A.A. de Maringá, sempre com boa freqüência.

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