Um dos criadores do rock’n roll, um artista que sabia dominar o palco e cujo balanço de suas músicas fez com que fosse um dos mais tocados nas festas das décadas de 1950 e 1960, Jerry Lee Lewis morreu nesta sexta-feira, 28, aos 87 anos. Ele morreu no condado de DeSoto, no Mississippi, ao lado de sua sétima esposa. Segundo família, a morte foi de causas naturais.
Lewis foi talvez o último e maior ícone do nascimento do rock and roll, cujo casamento com blues, gospel, country e perfomances cruas e vibrantes no palco ameaçaram Elvis Presley a ponto de fazê-lo chorar.
“Nasci para estar no palco. Eu mal podia esperar para estar nele. Eu sonhei com isso. E estive em um toda a minha vida”, disse Lewis em “Jerry Lee Lewis: His Own Story”, biografia de 2014 de Rick Bragg. “É onde sou mais feliz.”
Cantor se casou com menina de 13 anos
Mas fora do palco, a vida pessoal do cantor era turbulenta. Lewis estava perto do auge de sua popularidade em 1958, quando o público soube que ele havia se casado com Myra Gale Brown, sua prima em primeiro grau. Ela tinha 13 anos na época; Lewis tinha 22 anos.
A notícia do casamento vazou em Londres, para onde Lewis havia voado para fazer alguns shows. Lewis disse à imprensa que Myra tinha 15 anos, mas a verdade logo veio à tona e causou polêmica.
Lewis continuou a gravar e fazer turnês na década seguinte, mas sua música rockabilly não vendeu na era dos Beatles e ele não conseguiu recuperar a popularidade de seus primeiros anos – até que ele fez um retorno improvável como cantor country.
Lewis nasceu em 1935 em uma família pobre de agricultores em Ferriday, Louisiana. Um de seus primos, Jimmy Swaggart, se tornaria um popular evangelista de TV. O site de Lewis diz que ele começou a tocar piano aos 9 anos, imitando os estilos de pregadores e músicos negros que passavam pela região.
Depois de abandonar a escola para se concentrar em tocar música, Lewis viajou em 1956 para o Sun Studios em Memphis, onde rapidamente ganhou trabalho como músico de estúdio para estrelas em ascensão como Carl Perkins e Johnny Cash. Ele também gravou com Elvis Presley.
Uma sessão de gravação de dezembro de 1956 com Lewis, Presley, Perkins e Cash – apelidada de “Million Dollar Quartet” – marcou a história do rock.
No ano seguinte, graças a hits no Top 5, como “Great Balls of Fire”, Lewis ficou internacionalmente famoso, embora seu estilo incendiário e letras sugestivas tenham levado algumas estações de rádio a boicotar suas músicas.
Então veio o escândalo do casamento, e a aura de Lewis nunca mais foi a mesma.
Depois de uma década de vendas cada vez menores, ele se reinventou no final dos anos 1960 como um artista country e reviveu sua carreira, marcando uma série de hits country no Top 10 até os anos 70.
Em 1989, “Great Balls of Fire!”, um filme biográfico estrelado por Dennis Quaid como Lewis, trouxe nova atenção à vida e à música de Lewis. Lewis até gravou novas versões de seus sucessos para a trilha sonora.
Mas sua vida pessoal continuou confusa. Ele foi casado sete vezes e entrou em falência em 1988, devendo mais de US$ 2 milhões.
Ele também lutou contra o alcoolismo, o vício em drogas e outros problemas de saúde por anos. Em um episódio infame de 1976, ele foi preso em Graceland nas primeiras horas da manhã depois de bater seu carro nos portões da mansão – ele tinha uma arma carregada no veículo – enquanto tentava visitar Presley.
“Eu não sou bonzinho, e não sou falso”, disse Lewis na biografia de Bragg. “Eu nunca fingi ser nada, e qualquer coisa que eu fiz, eu fiz isso abertamente como um canivete. Eu vivi minha vida ao máximo e me diverti muito fazendo isso.”