No mesmo dia em que o Brasil perde Gal Costa, uma das cantoras mais importantes da história da música brasileira, perde também nesta quarta-feira, 9, o cantor, compositor, ator e apresentador de TV Rolando Boldrin, um ferrenho defensor da brasilidade, que sempre procurou promover a arte que espelha a alma do povo, combatendo os modismos e interesses meramente comerciais.
Com o ‘Sr. Brasil’, da TV Cultura, que apresentou por 17 anos, Boldrin ‘tirou o Brasil da gaveta’ e fez coro com os artistas mais representativos de todas as regiões do país, diz nota da Fundação Anchieta, mantenedora da TV Cultura. Ele participou de diversas novelas e ainda criou e apresentou programas como ‘Som Brasil’ na TV Globo, uma verdadeira revolução no resgate das raízes brasileiras.
Rolando Boldrin tinha 86 anos e as causas da morte foram insuficiência respiratória e renal, segundo boletim médico. Ele estava internado no Hospital Albert Einstein havia dois meses.
Um dos grandes sucessos de Boldrin na televisão foi o Som Brasil, que começou no rádio e estreou na TV Globo em 1981. O programa foi criado pelo próprio artista.
No Som Brasil, Rolando Boldrin contava causos, dançava e exibia peças teatrais e pequenos documentários. Foi no Som Brasil da Globo que muitos artistas de grande talento ganharam espaço para divulgar seus trabalhos. Foi o caso, por exemplo, do violeiro Almir Sater, que apareceu as primeiras vezes acompanhando e cantando junto com Ney Matogrsso, Renato Teixeira, Tavinho Moura. Mas também lá se apresentaram artistas consagrados, que na época eram considerados os melhores do Brasil, como Milton Nascimento, João Bosco, Diana Pequeno, Gilbertol Gil, Dominguinhos, Paulo Moura, Chico Buarque, Luiz Gonzaga e tantos outros. O destaque era sempre as atrações musicais com forte apelo à cultura popular brasileira.
Na televisão, ainda apresentou os programas “Empório Brasileiro” na TV Bandeirantes e “Empório Brasil” no SBT. Na TV Cultura, estava à frente do “Sr. Brasil” desde 2005.
Boldrin também fez carreira na teledramaturgia. Como ator, Rolando atuou em mais de 30 novelas, como “O Direito de Nascer”, “As Pupilas do Senhor Reitor”, “Os Deuses Estão Mortos”, “Quero Viver”, “Mulheres de Areia”, “Os Inocentes”, “A Viagem”, “O Profeta”, “Roda de Fogo”, “Cara a Cara”, “Cavalo Amarelo” e “Os Imigrantes”.
Segundo a nota da Fundação Padre Anchieta, Boldrin dizia que era fundamentalmente um ator: “esse tem sido meu trabalho a vida inteira; radioator, ator de novela, de teatro, de cinema, um ator que canta, declama poesias e conta histórias”, falava.
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