Idosos com cabelos cortados com estilo, barba feita, costeleta na régua, pele hidratada. É assim, estilosos, com estima lá em cima e esbanjando joviabilidade que estão os 33 internos do Asilo São Vicente de Paulo de Jandaia do Sul desde que passaram a ser atendidos pelo Projeto Lar dos Velhinhos, desenvolvido pela Cadeia Pública e Polícia Penal do Paraná, com apoio da Igreja Universal.
Dentro do projeto, os cuidados com o visual dos idosos do asilo ficam a cargo de presos, que foram devidamente capacitados em cursos realizados pela Igreja Universal. Ao saírem da cadeia para atender os idosos no asilo, eles praticam o que poderá ser uma profissão quando concluírem suas penas.
Além disso, dentro do programa de remição de pena, por cada dia trabalhado como cabeleireiros, eles serão beneficiados com dias a menos de pena, sem contar a vantagem que é poder ir às ruas, conversar com outras pessoas que não sejam seus colegas de cela.
Além da ida dos presos ao asilo, o projeto Lar dos Velhinhos conta com a visita de idosos à cadeia para cortar o cabelo e barba. Assim, em uma semana os barbeiros vão ao asilo, na outra os idosos recebem o atendimento na cadeia pública.
De acordo com o gestor da Cadeia Pública de Jandaia do Sul, Regis Vinicius Gomes Delalibera, este trabalho é importante para o asilo e seus internos, é importante para o presídio, que assim presta um serviço tanto para a sociedade quanto para seus apenados, assim como é importante para os presos, que se sentem valorizados em poder prestar serviço à comunidade.
Os presos que participam do projeto dizem que estão encontrando caminhos para a vida profissional depois da cadeia. Anderson, que foi gari antes de ser preso, e Fernando, que trabalhava como lombador, o trabalho de barbeiro pode ser boa alternativa no futuro e o trabalho com os idosos os ajuda a aprimorar o que poderá ser a futura profissão.
“É maravilhoso trabalhar com os idosos, pois eles são conversadores, contam histórias de vida e nos tratam com muita educação”, diz Fernando. “A gente faz o melhor que pode”, complementa Anderson.
“Seo” Nércio, que afirma ter 65 anos, disse que gosta de ser atendido na barbearia da cadeia. Isto deve ser pela oportunidade que tem de sair do abrigo e conhecer pessoas em um ambiente totalmente adverso daquele em que vive, inclusive com jovens.
Já “seo” Felício, de quase 100 anos e que não enxerga, espera ansioso a visita dos presos para corte de cabelo. Ele pode não enxergar, mas sente o cuidado a cada corte e fica sempre feliz.
Trabalho maior do que aparenta
O coordenador da Regional da Polícia Penal em Maringá, Júlio César Vicente Franco, diz que o preso pode devolver isso de alguma forma para a sociedade, vai retornar para ele futuramente como uma profissão para que possa atuar quando sair para suas cidades, suas famílias, trazendo um sustento. Ao mesmo tempo, nesse momento, fazemos esse trabalho social que atende o município e contribui com a Polícia Penal.
Para Débora, assistente social do Lar, desde que o projeto foi iniciado, há cerca de 1 ano e meio, está todo mundo com o cabelo sempre cortadinho, barba bem feita. E eles também têm essa possibilidade de sair do asilo. Então, no dia de corte eles têm essa oportunidade de sair para ir ao barbeiro. “Tem sido muito bom, eles gostam. É uma parceria muito boa com a Polícia Penal”, diz.
Para a enfermeira Noeli Figueiredo, o trabalho faz a diferença na vida dos idosos. Além dos idosos, o juiz da cidade, servidores e o SOE de Maringá também cortam o cabelo na “Barbearia” da cadeia de Jandaia do Sul.
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