Nas Redações, nos home offices, nos stúdios ou nas ruas, onde quer que os jornalistas maringaenses estivessem na hora que chegou pelo WhatsApp a notícia do falecimento de Murilo Gatti, as reações devem ter sido parecidas: baixar a cabeça, mão na testa e expressões tipo “meu Deus..”, “caramba!”, “puta vida!”, “que merda!”. Alguns fizeram rápida oração, outros de cabeça baixa lamentando, mas com certeza nenhum se surpreendeu. Ninguém pode alegar que não sabia que Murilo nos deixaria naquele dia, só não sabíamos a hora.
O relato feito no dia anterior pela esposa, a engenheira Fernanda Tasim Gatti, deixava claro que o estado de Murilo já tinha passado daquele ponto até onde se pode ter esperanças. Era questão de horas. Com a coragem de quem convivia com o problema há vários meses, Fernanda preparou os familiares e os amigos.
Desde que Murilo Gatti recebeu diagnóstico de câncer, 10 meses atrás, Fernanda, como deveria ser normal em casa de jornalistas e de um casal que dirige um dos principais portais de notícias do Paraná, sempre manteve a categoria jornalista informada de tudo. Seus relatórios eram postados no grupo de WhatsApp “Jornalistas de Maringá”, com mais de 150 membros, e cada um se encarregava de compartilhar em outros grupos e outras redes sociais.
“Estamos perdendo o Murilo”, disse o experiente Rogério Fischer, ex-editor-chefe de O Diário, ao perceber que as postagens de Fernanda se tornaram diárias e já não falavam de melhoras no quadro clínico do marido, principalmente após ele contrair covid-19 mesmo na segurança de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Como Fischer, ninguém foi pego de surpresa, todos os jornalistas do grupo conseguiram ler as entrelinhas.
Por Luiz de Carvalho
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