mordida

Briga por manchete termina com mordida no dedo da mão direita do editor de esquerda

Reza a lenda que no O Diário, de Maringá, tinha dois editores, que decidiam a manchete do dia em brigas diárias. Dizem que até mordida no dedo do rival já decidiu manchete.

No final de década de 1970, O Diário do Norte do Paraná, principal jornal de Maringá, o primeiro da cidade com impressão em offset, tinha dois editores-chefes, um representando o grupo de sócios direitistas, que apoiava o governo militar, e outro representando o sócio esquerdista, Ramires Pozza, que tinha interesse em se eleger deputado federal.

Cada editor tinha sua equipe e assim a Redação tinha o grupo da direita e o comunista. Curiosamente, os esquerdistas sentavam-se do lado direito da Redação e…

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Imagem meramente ilustrativa

Os dois lados eram formados por profissionais competentes, mas todos os dias, na hora do fechamento da edição, tinha quebra-pau. O editor da direita, o experiente Waldomiro Baddini Neto, queria emplacar a manchete, mas Laércio Souto Maior, comunista declarado, que chegou a ser preso político pelo regime militar, queria manchete dando pau no governo – qualquer governo, federal, estadual ou municipal.

Num fechamento de edição, o que fechou foi o tempo e os dois editores trocaram xingamentos, ofensas, dedos em riste e iam saindo na porrada, quando a turma do deixa disto apareceu e puxou um pra lá, outro pra cá. Laércio foi dar de dedo, mas Baddini esticou o pescoço e meteu o dente no dedo do rival.

Mordida à parte, Laércio e Baddini sempre se respeitaram e se mantiveram grandes amigos, apesar do incidente e da ideologia. E, é claro, deram boas risadas da palhaçada que protagonizaram.

As marcas dos dentes de Baddini continuam lá no indicador de Laércio para provar que a briga existiu e para que o editor esquerdista nunca mais dê de dedo na cara dum editor direitista.

Luiz de Carvalho

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