Antenor Sanches

Os pioneiros foram verdadeiros heróis, diz o presidente da Associação dos Pioneiros

Antenor Sanches, 83, presidente da Associação dos Pioneiros de Maringá, personagem ativo e testemunha da história local

 

Johnny Katayama*

 

Maringá foi fundada oficialmente no dia 10 de maio de 1947. Por ser uma cidade jovem, muitos dos pioneiros que ajudaram a construí-la estão vivos e ainda moram por aqui. Em 1993, alguns deles se reuniram e fundaram a Associação dos Pioneiros de Maringá, lutando para manter as tradições e registrar a história e o papel deles na formação da cidade.

Quando se fala na história de Maringá, especialmente a dos pioneiros, não há como não associar o assunto a Antenor Sanches. Vindo de Santa Catarina, chegou a Maringá no ano da fundação. Foi comerciante, jornalista, historiador, político e funcionário público. Em seus sete mandatos como vereador, aprovou mais de 300 leis. Criou o cognome “Cidade Canção”, adotado por Maringá desde 1962.

Antenor Sanches aposentou-se em 1988, mas não parou de trabalhar até hoje. Foi fundador, em 1993, e preside até hoje a Associação dos Pioneiros de Maringá. A sede da associação é um escritório na casa do presidente, onde ele recebeu a equipe do jornal Matéria Prima. É um aposento convidativo, instigante. Nas paredes, várias condecorações: diplomas de pioneiro, título de cidadão benemérito de Maringá, um certificado assinado pelo papa João Paulo 2º, abençoando seu casamento com dona Lucrécia Vareschini Sanches.

Conversando com ele é possível ouvir Maringá contando mais de 63 anos de história por meio desse personagem ativo e testemunha ocular. Senhor Antenor Sanches, que história contas hoje?

Como surgiu a ideia de criar a Associação dos Pioneiros de Maringá?
Maringá é uma cidade onde o número de pioneiros é muito grande, temos mais de 3.500 cadastrados no Patrimônio Histórico. Criamos a associação pensando em valorizar os pioneiros da cidade e obter algumas vantagens para eles.

Quais foram as principais conquistas da associação durante esses 13 anos?
Pedimos a criação do Patrimônio Histórico de Maringá, onde hoje estão arquivadas as histórias. Todo ano, dia 10 de maio, é rezada uma missa na Capela Santa Cruz, em homenagem aos pioneiros. Também foi um pedido nosso. Conseguimos o direito de, quando um pioneiro falece, ter uma rua, avenida ou praça da cidade batizada em sua homenagem.

Há vantagens para os pioneiros que ainda estão vivos?
Claro. Temos entrada gratuita em jogos de futebol, assim como em todos os eventos com participação da prefeitura. A associação também organiza um baile, chamado “baile da saudade”, para relembrar os que existiam na época da colonização, manter a tradição. Todo ano, no aniversário de Maringá, organizávamos o baile em praça pública. Alguns tinham vergonha de dançar nesses locais e pediam um local fechado. Recorremos à prefeitura, que passou a patrocinar o evento. No último baile, em maio deste ano, compareceram mais de mil pessoas, entre pioneiros e familiares. A prefeitura também organiza, todo ano no [Teatro] Calil Haddad, um coquetel para os pioneiros se encontrarem, ouvirem duplas sertanejas. Tivemos muitas conquistas, mas essas são as principais.

Em uma entrevista para o jornal Matéria Prima, em 2007, o senhor disse que, muitas vezes, lembramos apenas o nome dos pioneiros, esquecendo a contribuição das mulheres deles. Essa situação mudou?
Felizmente. Em meu livro “Maringá – Uma História de Progresso” [lançado neste ano] coloquei o nome do pioneiro e, em seguida, o nome da esposa. A prefeitura também preocupou-se em homenageá-las, entregando medalhas, placas. Nos encontros que a prefeitura promove, inclusive, uma leva de pioneiros e pioneiras recebe uma homenagem, em reconhecimento pela colaboração. O que ainda falta é que seja construído um monumento em homenagem às pioneiras, assim como os pioneiros são homenageados naquele monumento na praça do “peladão”.

Como é o reconhecimento dos maringaenses para com os pioneiros?
É grande. Tenho feito várias palestras em escolas de Maringá, para estudantes de vários níveis, contando um pouco da história da cidade. Eles consideram os pioneiros como verdadeiros heróis. Desbravar o mato, correndo o risco de ser pego por uma onça. Um bom exemplo do reconhecimento é que, nos desfiles de 10 de maio, [eles] são convidados a se sentarem juntamente com as demais autoridades para assistir.

Instituições, como o Museu da Bacia do Paraná e o Patrimônio Histórico, realmente cumprem o papel de registrar a história de Maringá?
O Museu da Bacia do Paraná foi uma doação da Companhia de Terras [Norte do Paraná], que começou a documentar o desenvolvimento de Maringá desde que chegaram aqui, inclusive por filmagens. São documentos históricos. A exposição é uma forma de manter o registro da história de Maringá. Também dou muito valor à criação do Patrimônio Histórico, porque lá temos muitos trabalhos de pioneiros que mandaram sua história para registro. Há um manancial muito grande guardado e as pessoas podem consultar quando precisarem.

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