Texto na Folha de São Paulo homenageia o jornalista Luiz Fernando Cardoso

Como o texto no site da Folha é acessível somente a assinantes do jornal, o reproduzimos aqui

Apaixonado por viagens, cultivou amizades

LUIZ FERNANDO CARDOSO (1981-2021)

Katna Baran


CURITIBA Uma das maiores frustrações que o jornalista Luiz Fernando Cardoso carregava na pandemia era a impossibilidade de viajar. Para onde quer que fosse convidado, era presença quase garantida. Na bagagem, trazia muito mais do que cafés e vinhos para experimentar – duas de suas paixões -, mas amizades que preservou pela vida toda.

Nas andanças, enviava cartões postais aos mais próximos, como a Thiago Ramari, ex-colega n’O Diário do Norte do Paraná, de Maringá (PR), com quem compartilhava a curiosidade pelo mundo.

Durante a pandemia, Luiz Fernando adaptou a tradição como pôde. Tirava fotos com a esposa, Inês, e o gato Timbu, e as enviava com uma mensagem de final de ano aos colegas. A imagem de capa do Facebook resume alguns dos seus votos: “que 2021 seja um ano sem Covid, sem negacionismo, com vacinação compulsória para todos e com muita saúde”.

Em 11 de março, um dia antes de completar 40 anos, o jornalista descobriu que estava infectado com o novo coronavírus. Ligou para dar a notícia a Juliana Daibert, também ex-colega do jornal, que lhe enviou um bolo para retribuir todas as gentilezas de mais de uma década de amizade.

“O mais triste é que não deu tempo de a vacina chegar até ele, que a defendia tanto. [A vacinação] é como um sorteio, todos precisam, mas somente alguns já ganharam, não devia ser assim”, lamentou.

Além d’O Diário, Luiz Fernando passou por outras redações de Maringá e do sudoeste, foi editor-chefe do Notícias do Dia, de Joinville (SC) e colaborou com a Folha com notícias do estado natal. Atualmente, atuava como assessor de imprensa e se dedicava ao blog Café com Jornalista, que mantinha desde 2007, com foco em Maringá.

Amante da escrita, o jornalista escreveu três ebooks, além de vários manuscritos, cartas e crônicas descobertos pela esposa nos últimos dias. “A cabeça dele era um computador, era um leitor incansável, pesquisava sobre tudo, estudava muito, era autodidata”, lembrou Inês.

Para a companheira, ele era o príncipe que muitas mulheres sonham em encontrar. “Tudo que pensei para minha vida, ele preenchia”.

Luiz Fernando morreu no domingo (18), de Covid-19, após um mês internado. Além da esposa, Inês, deixou a mãe, Clacy, o pai, Luiz Fernandes, e dois irmãos, Eduardo e João Paulo.

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