O primeiro órgão de imprensa de Maringá está com 70 anos e durante sua existência testemunhou o surgimento e a morte de inúmeros outros jornais; o setentão mostra que tem fôlego para continuar circulando ainda por muitos anos.
Luiz de Carvalho
Nenhuma foto. Só letras. Assim era a primeira página do O Jornal de Maringá, primeiro jornal da cidade, publicado em 1950 pelo tipógrafo Avelino Ferreira e sua mulher, a professora Leonor do Lago Ferreira. Não tinha foto primeiro porque não tinha fotógrafo, segundo porque para imprimir seria necessário um clichê, um artigo de custava caríssimo e na época só podia ser feito em São Paulo.
Assim, bem antes de ter prefeito, uma Câmara de Vereadores e energia elétrica, Maringá já tinha imprensa escrita, com as notícias que interessavam à população, produzidas e impressas por profissionais da cidade.
Primeiro e último jornal de Maringá
O Jornal de Maringá foi o primeiro órgão da imprensa maringaense, nascido bem antes da Rádio Cultura e do surgimento de outras publicações e pode-se dizer que é o único jornal que atravessou o tempo e continua existindo 70 anos depois. Nesta longa vida, o O Jornal mudou de donos várias vezes, mudou de nome, de linha editorial, serviu de escolinha para dezenas de jornalistas que fizeram história na imprensa local, recebeu jornalistas de fora, quase faliu inúmeras vezes e hoje, com 30 anos sob o nome Jornal do Povo, continua mais vivo do que nunca.
Todos os outros jornais que surgiram na cidade depois de O Jornal, desapareceram tão rápido quanto surgiram, inclusive alguns com boa estrutura, dinheiro e influência, casos como o da Folha do Norte do Paraná, de propriedade do bispo dom Jaime Luiz Coelho, e O Diário do Norte do Paraná, que passou por vários donos e reinou em Maringá por 45 anos.
Em 1950, o pioneiro Avelino Ferreira, que já tinha feito de tudo para sobreviver em Maringá, achou que uma cidade que estava nascendo precisava de um jornal. Ele era paulista de Monte Azul e estava em Maringá desde 1947, ano em que a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná iniciou a venda de datas na área que ficou conhecida como Maringá Novo.
E com tantas empresas surgindo, achou que não seria difícil conseguir propagandas suficientes para sustentar o empreendimento e ainda tornar-se um bom negócio.
Como entendia de impressão e tinha uma pequena tipografia, era meio caminho andado. Tinha se juntado pouco tempo antes com a professora Leonor do Lago Ferreira, de família de pioneiros, e ela se encarregou de vender propagandas, organizar textos e cuidar da parte administrativa. Estava montada a empresa.
Advogados e outros profissionais liberais escreveram artigos e matérias para as poucas edições antes que a publicação se acabasse por falta de tino comercial de seus proprietários. As edições foram ficando cada vez mais raras e quando deixaram de sair quase ninguém sentiu falta.
A cidade ficou sem jornal até 1953. O empresário Samuel Silveira, que chegou a Maringá para instalar a Rádio Cultura, juntou outros empresários e conseguiu reerguer o jornal, que a partir daí passou a ter edições semanais. À frente estava Almiro Prompt e depois ganhou notoriedade nas mãos de Ivens Lagoano Pacheco, que tinha experiência no ramo e conseguiu montar uma equipe que cobria todos os setores da comunidade, inclusive com a badalada coluna social de Ademar Schiavone.
Depois foi adquirido pelo empresário Ardinal Ribas, fundador da empresa de telefonia e que chegou a ser candidato a prefeito e foi eleito deputado federal pela Arena em 1970.
Após a morte de Ribas, seus herdeiros decidiram não continuar com o jornal o venderam a três funcionários, Verdelírio Barbosa, que escrevia sobre a política local e outros assuntos, Osvaldo Lima, jornalista de Esportes, e Luiz Nora Ribeiro.
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