Mulher que recebeu muitas homenagens em vida pela atuação em prol dos menos favorecidos, a professora Darcy Dias de Souza será homenageada neste sábado, 20, um ano após sua morte, ocorrida no dia 6 de maio do ano passado. Desta vez, a homenagem será da Associação Indigenista de Maringá, a Assindi, entidade fundada e dirigida por ela, que se tornou referência no Brasil e que ganhou prêmio por seus programas de atendimento às crianças indígenas.
A homenagem será neste sábado, 20, às 11 horas, na sede administrativa da entidade, que fica Rodovia BR-376 – Km 130 (saída para Paranavaí), nº 11.460, Gleba Patrimônio Maringá. O evento é aberto ao público.
Às 9 horas será realizada uma trilha na mata mediada por indígenas e membros da equipe da Assindi, para identificação de plantas medicinais e que falarão sobre as ervas utilizadas pelos povos Guarani e Kaingang em sua medicina, pintura corporal e tingimento de fibras. A atividade faz parte do projeto de extensão “Arte e cultura indígena em Mariguã”.
Darcy Dias de Souza idealizou a Associação Indigenista no ano 2000, em Maringá, que foi fundada oficialmente em 2001. Foi a primeira presidente da entidade, exercendo o cargo até o ano de 2020, quando precisou se afastar por problemas de saúde.
Quando a entidade foi fundada não havia ainda na cidade nenhum olhar para os indígenas Kaingang, que costumam vir da Terra Indígena Ivaí para Maringá, a fim de comercializar sua cestaria. A materialização da associação só foi possível pela atuação aguerrida e determinada da professora. Além de oferecer abrigo ao povo Kaingang do Ivaí, também buscou recursos para a construção de casas na associação destinada aos universitários indígenas que estudam na Universidade Estadual de Maringá (UEM). O trabalho de apoio às comunidades passou a cumprir um papel muito importante dentro de uma perspectiva de integração dos povos das etnias Kaingang e Guarani, e desses com a comunidade da cidade.
Quem é Darcy Dias de Souza
Darcy Dias de Souza nasceu em Iacri (SP), no dia 7 de maio de 1942. É graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), com especialização em supervisão escolar. Veio para Maringá em 1956, foi professora na Escola de Aplicação Anita Garibaldi; na Apae em Londrina e em Maringá e no Instituto de Educação. Neste último exerceu também os cargos de Supervisão pedagógica e Direção geral.
A professora contribuiu na fundação, em 20 de agosto de 1985, “do Movimento vez e voz da mulher”, sendo presidente em duas gestões e assumindo a vice-presidência, em outras duas. Em 1996, recebeu homenagem do Conselho da Mulher do Paraná, por contribuição à educação no estado. Em 2001 Darcy recebeu o título de mérito comunitário do vereador Walter Guerles, em reconhecimento do poder legislativo do município.
Em 2003, recebeu o prêmio “Dorcelina Folador”, do poder Executivo e Legislativo de Maringá, pelo trabalho realizado em prol de ações em combate à discriminação racial, de gênero e social. Em 2022, Darcy foi homenageada pela iniciativa do vereador Sidney Teles, por ocasião do “Festival Indígena”, que fazia parte das ações do “Encontro com as Culturas Indígenas do Município de Maringá”. O evento previsto na Lei 10.844/2019, passou a ser chamado “Encontro com Culturas Indígenas Darcy Dias de Souza”, conforme o projeto de Lei 16.392/2022.
Esposa do advogado Irivaldo Joaquim de Souza e ligada à igreja católica, dona Darcy teve participação em vários outros projetos que objetivavam melhorar a vida das pessoas.
Um prêmio nacional para a Assindi
A Associação Indigenista de Maringá (Assindi) é uma instituição sem fins lucrativos que trabalha com o acolhimento de povos, promoção da cultura Kaingang e humanização da qualidade de vida dessa população. Para isso, a Assindi desenvolve projetos sociais e também auxilia no comércio da arte produzida por essas pessoas.
A Assindi venceu o Prêmio Criança da Fundação Abrinq em 2014 ao criar o Centro Social Infantil Indígena Mitangue Nhiri concorrendo com instituições de todo o Brasil que têm trabalho voltado à criança.
O prêmio deu visibilidade a um trabalho que vinha sendo realizado já fazia alguns anos e serviu de exemplo para outras cidades, que começam a replicar a bem-sucedida iniciativa da Assindi.
A proposta de atuação do Projeto Centro Social Infantil Indígena Mitangue Nhiri começa a se disseminar pelo estado do Paraná. O projeto acolhe crianças do povo Kaingang, da Terra Indígena Ivaí, enquanto seus pais vendem artesanato na cidade.