Jovelina Pérola Negra

Jovelina Pérola Negra é homenageada por doodle do Google em seu 78º aniversário

Desde as primeiras horas desta quinta-feira, 21, a página de busca do Google faz homenagem a Jovelina Pérola Negra, artista histórica e um dos grandes nomes da história do samba brasileiro. Conhecida por sua voz grave e marcante, Jovelina completaria 78 anos hoje.

 

Os doodles são uma forma do Google lembrar pessoas, instituições e datas marcantes. Por meio deles, o internauta é levado a grande quantidade de links que informam sobre o homenageado, como desta vez faz com a sambista carioca.

Jovelina Pérola Negra no doodle do Google

 

 

 

Nascida como Jovelina Faria Belfort, em 1944, no Botafogo, bairro da zona sul do Rio de Janeiro, a artista cresceu cantando samba no tradicional bairro de Belford Roxo, também na capital fluminense. Trabalhadora doméstica até os 40 anos de idade, foi vista por um produtor cantando em um pagode, o que permitiu a ela lançar suas primeiras gravações no compilado Raça Brasileira, junto de outros artistas, em 1985, aos 40 anos de idade.

 

No mesmo ano, chegava às lojas Jovelina Pérola Negra, o primeiro de seus cinco discos solo, que aumentou ainda mais a aclamação da sambista. Ali, ela consolida de vez o seu caminho como uma das grandes artistas do samba no Brasil.

A sambista teve uma carreira relativamente curta, pois aos 54 anos, em 2 de novembro de 1998, Jovelina Pérola Negra morre após sofrer um infarto.

 

Em 2016, o Ministério da Cultura concedeu postumamente a ela uma Ordem do Mérito Cultural.

 

Jovelina Pérola Negra evita banho de sangue no morro

 

Quase ninguém entendeu o porque de o o fuzil do traficante Marcinho VP ter o nome de “Jovelina Pérola Negra”. A sambista e partideira salvou a comunidade do morro Santa Marta de uma troca de tiros durante um show nos anos 90. Tal feito acabou lhe rendendo uma homenagem especial: o fuzil do chefe do morro foi batizado em sua homenagem.

 

Essa história está em Abusado: O Dono do Morro Santa Marta, um livro-reportagem sobre o traficante Marcinho VP e as diferentes gerações da favela escrita por Caco Barcellos, famoso repórter da Globo e que comanda o programa “Profissão Repórter”, também na Globo.

 

Tudo começou quando Marcinho VP e seu grupo compraram um fuzil do policial militar Peninha (nome fictício). Depois de receber o dinheiro, o PM e seus companheiros invadiram a favela e tentaram tomar a arma de volta,mas foram expulsos a tiros.

 

Até que chegou o dia de um grande pagode na quadra da escola de samba Mocidade Unida do Santa Marta, que reuniu pessoas de diversas comunidades. Marcinho VP estava nas proximidades esperando o início do show. Ao ouvir a voz de Jovelina, ele pendurou o fuzil no ombro, acendeu um baseado e entrou na quadra. Agentes da PM estavam disfarçados na festa e observavam tudo. No palco, um parceiro de VP percebeu o movimento estranho dos policiais e suspendeu a distribuição de pó que acontecia. No intervalo das músicas, ele pegou o microfone para transmitir provocações aos policiais. 

 

“Neste momento”, descreve Barcellos, “uma viatura entrou em alta velocidade na rua de acesso à favela, com os soldados disparando suas armas para o alto. Parou para a descida de Peninha, que correu para dentro da quadra enquanto muitas pessoas, assustadas com os tiros, tentavam se proteger. Algumas chegaram a correr para a rua, apesar do risco de serem baleadas”.

 

Mas a confusão foi controlada pela experiência de Jovelina. Ela continuou cantando com vigor e sugeriu que ninguém saísse do salão. VP escondeu o AK-47 por algum tempo embaixo do palco e foi se proteger no meio da multidão. Chegou a conversar com o policial rival e o convenceu de que a arma já tinha saído do morro. “Sem chance de prendê-lo com o fuzil, Peninha resolveu ir embora com seus colegas. Eram quatro horas da madrugada quando Juliano subiu ao palco para anunciar o início da distribuição gratuita de cocaína”, relata Barcellos.

 

O portal Volume Morto conta esta história e lembra que a primeira oferta foi feita à grande estrela da festa, Jovelina. “A sambista recusou e, com um sorriso, indicou a sua preferência, a maconha de Marcinho VP. Eles partilharam alguns baseados após o show, quando a festa já tinha virado um grande pagode. Amanheceram juntos fumando, conversando”, narra.

 

“Na hora de ir embora, Marcinho a acompanhou, sem esquecer de levar junto o fuzil. Um longo beijo marcou a despedida, motivo para despertar uma reação exagerada de Juliano. O táxi já descia a rua Jupira levando a sambista de volta à cidade quando ele apontou o fuzil para o alto, fez três disparos e falou para si mesmo: — Jovelina, meu amor! Desde aquele beijo os homens passaram a chamar o AK-47 de Jovelina”.

 

E foi assim que Jovelina evitou uma troca de tiros que poderia ter resultado em tragédia.

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