Além dos reflexos na saúde da população, a rede de esgoto vai possibilitar a construção de prédios, levando Sarandi a uma considerável valorização imobiliária
Luiz de Carvalho
Como maior obra do governo federal em Sarandi, na Região Metropolitana de Maringá, a rede de esgoto sanitário é a prioridade do segundo mandato do prefeito Walter Volpato (PSDB) e deve chegar a 100% da área urbana até o próximo ano. Com 100% dos domicílios ligados à rede, Sarandi estará acima de muitas capitais e grandes cidades no quesito, terá reflexos na saúde da população, sofrerá considerável valorização imobiliária e poderá dar início à verticalização com a construção de prédios altos.
Até dois anos atrás, o esgoto de Sarandi se resumia a 8% da área urbana, o que significa menos de 3 mil imóveis, hoje já está em 50% e até o final do ano chega a 80%. Os 20% restantes serão completados no ano que vem, conforme a programação de obras da prefeitura, por meio da autarquia Águas de Sarandi, a empreiteira contratada e o governo federal.
A obra está sendo executada com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC Esgoto), do Ministério das Cidades, e do município. São R$ 22 milhões do governo federal a fundo perdido, que somados à contrapartida da prefeitura chegam a R$ 26 milhões. Esta é a maior obra do governo federal em Sarandi.
No entender do superintendente da Águas de Sarandi, engenheiro químico Michel Caldato, não é só pelo tamanho que a rede de esgoto é a mais importante obra de Sarandi, mas principalmente pelo impacto que terá na saúde da população e na economia do município. “Sem esgoto a cidade fica na dependência de milhares de fossas sépticas, aumentando o risco de contaminação do lençol freático, que seria muito grave em uma cidade onde o abastecimento de água é feito por meio de poços artesianos”.
No que se refere ao aspecto econômico, Caldato destaca que enquanto a cidade não tiver esgoto na maior parte da área urbana não pode construir prédios altos, um entrave para a cidade que tem o crescimento populacional mais acelerado da região e um dos maiores do Paraná. Segundo ele, os imóveis já estão se valorizando e muitas empresas especializadas na construção de prédios mostram interesse na compra de terrenos.
O prefeito Walter Volpato diz que a cada dia que a implantação da rede avança, a contribuição do esgoto sanitário pode ser percebida na área da saúde, já que acabando com as fossas sépticas são evitadas muitas das doenças bacterianas, vírus e outras parasitoses que hoje atingem a população.
Três ministros e projeto perdido
Sarandi poderia ter todas suas residências, empresas e órgãos públicos ligados à rede de esgoto sanitário há mais de 10 anos. Porém, os primeiros projetos para a cidade apresentaram vários erros e acabaram inviabilizados, levando pela tubulação alguns milhões de reais.
Em 2007, o município foi contemplado com recursos do PAC, foi contratada uma empresa e algum tempo depois todo o trabalho parou. O diâmetro dos canos não atendia a necessidade e material era de qualidade duvidosa. Além disto, valetas para a tubulação ficavam na rua, não beirando os muros. Com o tempo, as enxurradas se encarregaram de destruir o que sobrou.
Em 2013, a administração municipal formou uma força-tarefa para criar um projeto de acordo com as exigências. O doutor em Engenharia Química Michel Caldato, contratado pela Águas de Sarandi, e o engenheiro civil Elton Toy, na época secretário de Urbanismo, estiveram à frente da elaboração e em 2014 o projeto foi aceito pelo Ministério das Cidades. Porém, só em 2018 foram liberados os recursos, realizada a licitação, contratada a empreiteira e expedida a Ordem de Serviço.
Desde a apresentação do projeto no Ministério até a liberação dos recursos, houve empenho de praticamente toda a classe política da região. Desde o início, contou com a ajuda dos deputados federais Edmar Arruda, Enio Verri, do mesmo partido da então presidente da República, Dilma Rousseff, e Cida Borghetti. Após Cida deixar de ser deputada federal, o marido dela, Ricardo Barros, que voltava à Câmara dos Deputados para seu quinto mandato, depois de uma interrupção de quatro anos, deu toda a atenção ao projeto de Sarandi e quando foi relator do Orçamento Geral da União manteve a previsão dos recursos.
Do primeiro projeto, em 2007, até o início da obra, três ministros das Cidades – Bernardo Cabral, Gilberto Kassab e Alexandre Baldy – estiveram em solenidades em Sarandi.
Uma obra que pertence aos sarandienses
Diferente de outros municípios paranaenses que são pólos regionais, Sarandi tem o diferencial de toda a obra ser realizada pelo município, através de sua autarquia de águas e esgoto, a Águas de Sarandi. Nas demais cidades as obras são da Sanepar, empresa de economia mista.
Para o superintendente da Águas de Sarandi, Michel Caldato, uma das vantagens de a rede ser do município é que todo o dinheiro que for arrecadado pelo serviço poderá ser destinado à ampliação e melhoria da rede.
Para o funcionamento pleno da rede, a Águas de Sarandi dispõe de três Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), que fazem o tratamento das águas residuais da cidade faz a devolução ao meio ambiente de forma responsável e sem impacto ambiental.
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