Vicente Pimentel, o cara a ser batido, continua nas pistas

A história do garoto magricela que vencia todas as corridas no Paraná está na raiz do Atletismo em Maringá e da implantação do Curso de Educação Física na UEM; próximo dos 70 anos, ele continua na pista, só que agora instruindo jovens talentos com condições de repetir nas pistas o que ele fez nas décadas de 1970 e 1980

 

Luiz de Carvalho

 

Por vários anos da década de 1970, Pimentel era o cara a ser batido no atletismo paranaense. Por anos ninguém andou na frente dele e mesmo os melhores fundistas do Estado só o viram pelas costas. Com ele inscrito em uma prova, os demais se sentiam vitoriosos se fossem vice-campeões.

.Hoje, o ex-campeão Vicente Pimentel transmite seus ensinamentos aos atletas jovens Foto João Cláudio Fragoso

Para saber quantas vitórias foram Paraná a fora, só contando as medalhas. Mas, para isto será preciso paciência, porque são muitas. Só dos Jogos Abertos do Paraná (JAPs) são 16. Em três edições seguidas ele venceu as provas dos 800 e dos 1.500 metros, mas teve ano que venceu também a dos 5 mil e dos 10 mil metros, como aconteceu na edição disputada em Maringá, em 1972. Foi campeão em três edições seguidas da Prova Pedestre Sussumo Itami, venceu a 28 de Janeiro, de Apucarana, e foi bicampeão nas duas primeiras edições da Corrida de Tiradentes.

O garoto magrelo e alto fez história nas pistas, a ponto de ter uma corrida com o nome dele disputada todos os anos em Maringá. E, com tantas vitórias, era natural que servisse de inspiração para jovens que se iniciavam no atletismo

 

Só pelo prêmio

Hoje, aos 68 anos, Vicente Pimentel Dias continua envolvido com as corridas. É o coordenador da Associação de Atletismo de Maringá (AAM) e do projeto Centro de Excelência de Atletismo de Maringá, desenvolvido pela prefeitura em convênio com a Caixa Econômica Federal. Não precisa ficar falando de suas vitórias, mas sempre diz aos mais novos que “hoje corridas de rua viraram uma febre, tem muita gente correndo em Maringá, alguns buscando aprimoramento para competições de alto rendimento, outros correndo pelo simples prazer de correr e há ainda aqueles que estão buscando manter a forma, mas na minha época correr era solitário, havia pouca gente treinando, a cidade não tinha locais adequados para treinos e também não contávamos com qualquer tipo de incentivo”. Ele correu em muitas cidades do Paraná, disputou várias provas em outros Estados e até em outros países, “mas nunca tive qualquer ajuda financeira, nunca tive patrocinador e muitas vezes tinha que arcar com as despesas para viajar”.

O único jeito de ganhar dinheiro com as corridas era vencendo para receber o prêmio, mas nem todas as provas tinham prêmio em dinheiro.

 

Pioneiro no Borba Gato

Pimentel já era uma lenda quando foi morar no Borba Gato. Sua família chegou quando o Conjunto Habitacional Inocente Vilanova Júnior foi inaugurado, há 40 anos, mas sua ligação com o bairro é muito mais do que a de simples morador.

Quando inaugurou o Colégio Tomaz Edison de Andrade Vieira, em 1982, ele já estava lá, como professor de Educação Física e permaneceu até se aposentar, mais de 30 anos depois. Também foi professor no Centro Esportivo do bairro, que leva o nome de sua irmã Edith Dias, que marcou época também como atleta, como professora e diretora do Tomaz Edison, secretária municipal e vereadora em quatro mandatos.

 

Com os mestres

A história de Vicente Pimentel começa junto com o nascimento do atletismo em Maringá.

Ele era ainda um menino no final dos anos 70 quando mudou-se de Marialva para Maringá e foi estudar no Colégio Gastão Vidigal, onde estava a nata dos professores de Educação Física, sedentos para fazer o atletismo local ganhar corpo.

No Gastão da época, além de espaço e aparelhos para treinamento, o jovem atleta que surgiu como promessa tinha orientação de gente como os professores/técnicos Antonio Yamamoto, Antonio Nakaia, Dalisbor Gomes de Oliveira, Jair Venâncio, Victor Shiguinov e Joaquim Martins Jr, que foram responsáveis pelo surgimento de atletas em várias modalidades, entre eles Vicente Pimentel, que surgiu para o atletismo paranaense nos Jogos Abertos do Paraná e venceu em todos os anos enquanto era estudante.

Esses professores são os mesmos que foram convocados pelo reitor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), José Carlos Cal Garcia, para criarem o curso de Educação Física na universidade que estava em processo de implantação. Com eles, Maringá teve um dos primeiros cursos de Educação Física do Brasil e graças à forma que o curso foi elaborado e conduzido nos primeiros anos hoje ele é um dos melhores do País. Veja sobre a criação do curso AQUI

Pimentel fez parte da primeira turma do curso de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e como professor dá a jovens talentos as mesmas lições que recebeu dos mestres Dalisbor, Shighinov, Venâncio…, aqueles que o ajudaram a ser grande.

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