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Aqui começa a história da energia elétrica em Maringá

A geradora que zoava o dia inteiro na parte mais baixa da Vila 7 foi a inspiração para a criação da Copel

Na época em que eram vendidos os terrenos da Vila 7 – a parte da Zona 7 ao norte da Avenida Colombo – e as primeiras casas eram construídas em madeira, foi construída no bairro a primeira usina de geração de energia elétrica de Maringá, que tirou a nascente cidade da fase do lampião e da lamparina e foi o embrião da criação da Companhia Paranaense de Energia (Copel) no ano seguinte.

.O barracão que abrigava os motores está conservado, 63 anos depois, no pátio da Escola Santa Maria Goretti

Mais de 60 anos depois, o barracão e as piscinas de resfriamento ainda existem e estão razoavelmente conservados ao lado do Colégio Estadual Santa Maria Goretti, que está dentro do terreno pertencente à Copel. A concessionária de energia do Paraná tem a pretensão de aproveitar a estrutura para a criação de um museu que conte a história da energia elétrica no Paraná.

 

Promessa de campanha

A geração de energia elétrica foi promessa de campanha do primeiro prefeito de Maringá, Inocente Villanova Júnior, e a instalação da usina foi uma vitória pessoal dele, da Câmara de Vereadores e do Rotary Club. A Companhia Melhoramentos também teve participação, cedendo um terreno na parte mais baixa da Rua Quintino Bocaiúva, na margem do Ribeirão Mandacaru.

 

.O governador Bento Munhoz da Rocha, prefeito Inocento Vilanova e diretores da Companhia Melhoramentos no dia da inauguração da usina – Maringá Histórica

Em 1952, pouco depois da posse do primeiro prefeito, foram conseguidos quatro motores a óleo diesel, usados, com 2.080 cavalos de potência, capazes de produzir aproximadamente 1.500 kVA. Os geradores da Marca Man, fabricados na Alemanha, tinham sido utilizados para produzir energia durante a 2ª Guerra Mundial e, após a guerra, foram vendidos para o Brasil.

A instalação foi feita por engenheiros elétricos vindos da Alemanha, que seguiram um projeto criado pela UTIL Companha Brasileira de Planejamento.

Tomates elétricos

A inauguração oficial, no dia 10 de maio de 1953, data em que o município completava seis anos e pela primeira vez tinha festa de aniversário, contou com a presença do governador Bento Munhoz da Rocha Neto e de altos diretores da Melhoramentos.

.Na área central, também as ruas ganharam “tomates”, dando início à iluminação pública em Maringá – Maringá Histórica

Em seu livro “Clareira Flamejante” e,m que conta a história da chegada da energia elétrica no norte do Paraná, o jornalista Rogério Recco cita que a usina funcionava até as 22 h e, com duas piscadelas, avisava os moradores que estava na hora de acender os lampiões ou lamparinas – se bem que na Maringá antiga, sem TV e sem muitas fontes de diversão, a esta hora a maioria das famílias já estava dormindo. “As lâmpadas, de tão fracas, ganharam o apelido de tomates”, conta.

A geração era pequena para uma cidade que crescia muito rápido, mas a energia chegou à região comercial, principalmente à Av. Brasil, e ainda sobrou para muitas residências. Hospitais, hotéis, máquinas de café e outros estabelecimentos não confiaram tanto na usina e ainda mantiveram como reserva os grupos geradores que eram ouvidos em toda a cidade desde os primeiros dias.

.José Ival de Souza diz que a usina fez parte de sua infância

O professor José Ival de Souza, que hoje mora em Cuiabá, tinha sete anos quando foi morar na Rua Quintino Bocaiúva, ao lado da usina. “Ela foi marcante na minha vida”, conta, citando que várias vezes passou entre os motores para levar comida e café para o pai, que era um dos responsáveis por manter o equipamento funcionando.

Segundo Ival, apesar do tamanho, os motores não chegavam a fazer barulho suficiente para incomodar a vizinhança. “O córrego Mandacaru era represado e a água era puxada para tanques para refrescar os motores. Podíamos nadar nos tanques e jogar bola no gramado ao lado das casas dos funcionários da usina”.

SAIBA MAIS

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 Apenas três motores funcionavam ao mesmo tempo e um permanecia de reserva;

. A usina era administrada pelo D.A.E.E – Departamento de Água e Energia Elétrica do Estado do Paraná;

. Cinco residências existiam no terreno da usina, todas ocupadas por famílias de funcionários, mas alguns empregados não moravam no local;. Os funcionários trabalhavam 12 horas seguidas e descansavam 36;

. O governador Bento Munhoz da Rocha Neto participou da inauguração e considerou a usina de Maringá o marco zero da distribuição de energia no Paraná.

. A usina foi o primeiro ativo da Copel, fundada um ano depois.

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