Hemocentro de Maringá

Doadores voluntários fazem do Hemocentro de Maringá modelo para o Brasil

Nascido de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM), o Hemocentro Regional de Maringá é um caso raro no Brasil por contar com doadores voluntários que respondem por quase 100% do estoque, também é um caso raro de hemocentro que possui certificação pela Norma ISO 9001.

 

Além de atender toda a demanda de sangue e hemoderivados do Hospital Universitário, o Hemocentro ainda supre as necessidades de hospitais de toda a região noroeste do Paraná e, não raro, até de outras regiões.

 

Para o diretor Gerson Zanusso Júnior, uma das razões do êxito do Hemocentro Regional de Maringá é o empenho de toda a equipe no trabalho de gestão de qualidade iniciado há quase 15 anos, melhorando internamente e externamente o conceito da UEM e do Hospital Universitário, além da qualidade da saúde pública praticada em Maringá.

 

Foi a gestão da qualidade que levou à certificação pela Norma ISO 9001 e toda a equipe está imbuída em um trabalho que abrange todos os procedimentos que envolvem a captação e recepção de doadores, triagem hematológica e clínica, coleta de sangue, processamento, controle de qualidade dos hemocomponentes, transfusão e todos os processos de apoio. Esse empenho garante a manutenção da certificação há 14 anos.

 

 

Doadores voluntários e de repetição

 

Além de ter quase 100% do estoque vindo de doadores voluntários, o Hemocentro de Maringá conta com mais da metade de seus doadores na condição de “doadores de repetição”, que são aqueles que não precisam ser chamados e comparecem pelo menos três vezes por ano. Esses doadores já têm seu estado de saúde conhecido pelo Hemocentro.

Hemocentro de Maringá

Os doadores voluntários garantem quase 100% do estoque do Hemocentro de Maringá Foto: UEM

 

 

No ano passado, o Hemocentro distribuiu 6.400 bolsas de hemocomponentes (concentrado de hemácias, plaquetas, plasma fresco e crioprecipitado) para o Hospital Universitário e as unidades de saúde conveniadas da 15ª Regional de Saúde, formada por 30 municípios onde existem 15 hospitais. As requisições de transfusões são atendidas pelo Laboratório da Distribuição, formado por bioquímicos, técnicos e auxiliares de laboratório.

 

 

Hemocentro vai onde o doador está

 

Desde que começou a funcionar, o Hemocentro Regional de Maringá sempre teve um ônibus para fazer coleta em cidades vizinhas e em empresas, mas desde 2021 conta com ônibus maior e melhor equipado. A unidade móvel é usada na coleta de sangue e cadastro de doadores de medula óssea.

Hemocentro de Maringá

O moderno e bem equipado Hemocentro Móvel faz coletas nas cidades vizinhas, em empresas e durante campanhas de coleta de sangue Foto: UEM

 

 

O veículo conta com modernos sistemas de atendimento, com quatro poltronas, e tem capacidade para fazer até 3 mil coletas por mês. Além disso, está adaptado para portadores de necessidades especiais.

 

O trabalho da unidade auxilia significativamente na manutenção dos estoques de sangue com o atendimento descentralizado, facilitando a efetivação da doação para aqueles que têm dificuldade de deslocamento até o Hemocentro. Com o ônibus são feitas mais de mil coletas externas por ano, que resultam em milhares de bolsas de sangue.

 

 

Transfusão nas alturas salva vidas

 

O Hemocentro de Maringá foi uma espécie de laboratório na implementação do atendimento das extremas urgências na unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência aéreo, também chamado de “Samu Aéreo”, feito com helicóptero. O projeto, aprovado e pronto para ser difundido para outras regiões , visou as transfusões de sangue nos locais de acidentes graves, dentro do helicóptero, otimizando o tempo de atendimento e aumentando as chances de sobrevida do paciente.

 

Trata-se de um projeto inovador para realização de transfusões em pacientes graves no local da ocorrência, mesmo antes de serem encaminhados ao hospital. Equipes formadas por médicos, enfermeiros e pilotos foram treinadas. Também foi instalada dentro da base aeromédica de Maringá uma sala somente para o acondicionamento das bolsas de sangue tipo “O-”, considerado universal, que pode ser transfundido em qualquer pessoa.

 

Após o atendimento pelo serviço aeromédico esses pacientes transfundidos são encaminhados necessariamente para o Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM), referência para a continuidade dos procedimentos.

Hemocentro de Maringá

O helicóptero foi adaptado para realizar a transfusão tanto em solo quanto durante a viagem
Foto: Sesa

 

Em várias ocorrências atendidas pelo Samu Aéreo no noroeste do Paraná foi feita a transfusão de sangue em casos de hemorragia e em algumas situações ela foi decisiva para a vida do acidentado.
As bolsas que não são utilizadas no período de até quatro dias são devolvidas ao Hemocentro para atender outros pacientes, como já é realizado rotineiramente. A validade desta bolsa de sangue é de até 42 dias.

 

 

 

Com Hemocentro de Maringá, Redome busca doador de medula óssea

 

No trabalho de cadastrar doadores de medula óssea, o Hemocentro de Maringá recebeu uma grande ajuda no mês de julho quando ganhou grande divulgação o fato de a jornalista Lethícia Conegero, de 30 anos, ter sido chamada para fazer doação de medula e assim pode ter salvo a vida de uma pessoa – que ela ainda não conhece – que sofria com leucemia.

 

A grande divulgação do fato serviu como oportunidade para o Hemocentro mostrar que se cadastrar como doador não dá trabalho algum e pode ser a diferença entre a vida e a morte para alguém. A dificuldade para encontrar um doador que seja 100% compatível com quem precisa de transplante de medula óssea é um dos argumentos usados pelo Hemocentro na busca de novos cadastrados no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, o Redome.

Doação de medula óssea

Além da certeza de que ajudou a salvar uma vida, Lethícia Conegero ainda aproveita para divulgar a importânci de mais e mais pessoas se inscrever como doadoras Foto: Arquivo pessoal

 

 

De acordo com o farmacêutico Gérson Zanusso Júnior, da Chefia Técnica do Hemocentro Regional de Maringá, com mais cadastrados como doadores aumenta a chance de doador compatível.

 

Zanusso diz que o Redome define cotas que devem ser cumpridas pelos hemocentros. Em Maringá, por exemplo, a cota é de 86 novos cadastros por mês e para atingi-la é feito um trabalho de divulgação sobre a importância de fazer cadastros, palestras, eventos, coletas externas, além de divulgação junto a doadores de sangue.

 

Lethícia Conegero, da Assessoria de Imprensa da prefeitura e com passagens pela Rádio CBN e o jornal O Diário, se cadastrou no Redome 10 anos atrás, depois de assistir a luta inglória de uma amiga de infância contra a leucemia. Ao ser chamada para fazer a doação, ela viajou mais de mil quilômetros, mas diz que valeu a pena, pois está ajudando a salvar uma vida, chance que sua amiga de infância não teve.

Lethícia Conegero

Lethícia se cadastrou no Redome 10 anos atrás e fez a doação no mesmo mês em que completou 10 anos da morte de sua amiga de infância que perdeu a luta para a leucemia
Foto: Arquivo pessoal

 

 

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