Ser 100% compatível com quem precisa de transplante de medula é tão difícil quanto acertar seis dezenas na Mega-Sena
Com passagem por vários órgãos de comunicação e atualmente na Secretaria de Comunicação da prefeitura de Maringá, a jornalista Lethícia Conegero vive dias de celebridade desde a semana passada, quando chegou ao conhecimento da imprensa que ela é 100% compatível com alguém que precisa de transplante de medula óssea. E mais: ela já viajou mais de mil quilômetros para fazer a doação que poderá salvar a vida de uma pessoa que sofre com leucemia. E é uma pessoa que ela não conhece e nem sabe em que região do Brasil mora.
A jornalista está em festa por vários motivos, um deles porque ser 100% compatível com alguém para a doação é de uma probalidade comparável a acertar as seis dezenas na Mega-Sena. Estima-se que a chance de se encontrar um doador compatível seja de 1 em 100 de doadores aparentados e de 1 em 100 mil não parentes. Quando se leva a procura para o âmbito internacional, a chance é de 1 para 1 milhão de doadores cadastrados.
Outro motivo para comemorar é que a doação deve salvar uma vida, vai mudar e dar esperança a alguém que sofre. E o terceiro motivo é que com a doação Lethícia está realizando um desejo de uma década, desde o dia em que procurou o Hemocentro para se cadastrar no Redome, o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea.
Além da certeza de que ajudou a salvar uma vida, Lethícia Conegero ainda aproveita para divulgar a importânci de mais e mais pessoas se inscrever como doadoras Foto: Arquivo pessoal
A jornalista diz que é favorável a todos os tipos de doação de órgãos, mas no caso de medula óssea ela se tornou uma militante ao acompanhar o sofrimento de uma amiga de infância. “Vi a Isabella [Velasquez Matumoto] lutar bravamente contra a leucemia e isso marcou profundamente a minha história. Agora, tive a oportunidade de abraçar essa causa de corpo e alma. O sentimento de poder doar um pedacinho de mim a alguém que precisa é indescritível”.
A doação aconteceu no mês em que completava 10 anos que Isabella perdeu a luta para a leucemia.
Desejo de amiga
“Sorridente, alegre, apaixonada pela família e pela vida”. Assim era descrita a jovem Isabella Velasquez Matumoto, mas essa pessoa cheia de ternura e luz travava uma luta inglória com a leucemia.
Mesmo sofrendo com os efeitos da Leucemia, Isabella se dedicou a divulgar a importância da doação de medula óssea Foto; Arquivo da família
E enfrentando a doença, ela foi uma grande divulgadora da doação de medula óssea, destacando que o transplante é a única esperança para quem tem leucemia. Foi assunto de matérias em jornais, capas de revistas, deu muitas entrevistas a programas de TV e participou de um vídeo feito por pacientes, pais, médicos e funcionários do Hospital Nossa Senhora das Graças, de Curitiba, para estimular o transplante de medula óssea no Brasil. Mas, perdeu a luta para a leucemia. Aos 20 anos, quando cursava Odontologia em uma universidade de Umuarama, Isabella morreu, mas seu legado continua.
Qualquer um pode doar
A dificuldade para encontrar um doador que seja 100% compatível com quem precisa de transplante de medula óssea é um dos argumentos usados pelo Hemocentro Regional de Maringá na busca de novos cadastrados no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea, o Redome. De acordo com o farmacêutico Gérson Zanusso Júnior, da Chefia Técnica do Hemocentro Regional de Maringá, com mais cadastrados como doadores aumenta a chance de doador compatível.
Zanusso diz que o Redome define cotas que devem ser cumpridas pelos hemocentros. Em Maringá, por exemplo, a cota é de 86 novos cadastros por mês e para atingi-la é feito um trabalho de divulgação sobre a importância de fazer cadastros, palestras, eventos, coletas externas, além de divulgação junto a doadores de sangue.
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O transplante de medula óssea (TMO) pode ser indicado como forma de tratamento para cerca de 80 doenças. Dentre elas, leucemias agudas, leucemia mieloide crônica, linfomas, mieloma múltiplo, anemia aplásica grave e talassemia. Em alguns casos, o TMO é a única possibilidade de cura para o paciente.
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O que é a medula óssea?
A medula óssea é o tecido encontrado no interior dos ossos, conhecido popularmente por “tutano”, e produz as células do sangue (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). A medula óssea não tem ligação com a medula espinhal.
Quem necessita do transplante de medula óssea?
Pessoas que têm doenças que comprometem a produção do sangue, como leucemias e aplasia de medula óssea. O transplante é a substituição da medula óssea doente por uma saudável. Com isso, o organismo do paciente transplantado passa a produzir novas células da medula óssea e do sangue