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Na UEM, Agroecologia de Ozinaldo e Kátia produz com respeito à terra

Desde a segunda turma do curso de Agronomia que a Universidade Estadual de Maringá tem a disciplina em sua grande curricular

Muito antes de termos como agroecologia, agricultura orgânica, permacultura e sustentabilidade virarem moda, a Universidade Estadual de Maringá (UEM) já trabalhava essas questões com a criação da disciplina de Agroecologia e Sustentabilidade na grade do curso de Agronomia. A disciplina, que começou como optativa, se tornou obrigatória e evoluiu, tanto que hoje a UEM tem Agroecologia e Sustentabilidade na graduação, um programa de pós-graduação e ainda disponibiliza um núcleo de agroecologia e um grupo em que estudantes debatem, pesquisam e praticam a produção de alimentos de forma ecológica, propondo e testando novas experiências.

A disciplina como diferencial do curso de Agronomia da UEM é resultado do encontro de dois apaixonados pelo tema, o paraibano José Ozinaldo Alves Sena e a capixaba Kátia Regina Freitas Schwan-Estrada.

Kátia, que hoje atua na graduação e dirige o Programa de Pós-Graduação em Agroecologia, chegou à UEM em 1984 contratada pelo Departamento de Agronomia para lecionar Microbiologia de Solo, sua paixão, mas já era conhecedora e entusiasta das técnicas de produção de alimentos saudáveis. Ozinaldo chegou um ano depois à UEM e logo no primeiro ano conseguiu convencer o Departamento de Agronomia e o Centro de Ciências Agrárias da necessidade de uma disciplina de Agroecologia.

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Kátia Schwan-Estrada e Ozinaldo Sena, responsáveis pelo desenvolvimento da Agroecologia no curso de Agronomia da UEM Foto: Arquivo

O curso de Agronomia da UEM teve Agroecologia e Sustentabilidade pela primeira vez em 1985, mas era uma disciplina opcional e mesmo assim interessou a muita gente. Rapidamente os professores Ozinaldo e Kátia conseguiram que a disciplina fizesse parte da grade obrigatória do curso.

Hoje, para os alunos interessados, a UEM conta também com o Núcleo de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável (NADS), que embora tenha a assistência de professores, é na verdade dos alunos que se interessam pelo assunto. À frente do NADS está a professora doutora Maria Marcelina Millan Rupp, outra adepta da produção ecológica.

No NADS, estuda-se assuntos relacionados à produção sem o uso de produtos químicos, promove-se debates, encontros. A parte prática acontece em colaboração com a Escola Agroecológica Professor Milton Santos, fundada em Maringá pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e assentamentos do MST no Paraná.

O NADS conta também com uma fazendinha dentro da Fazenda Experimental da UEM, em Iguatemi, onde pratica-se o sistema agroflorestal, criação de galinhas caipiras, compostagem e biofábrica.

Outra mostra que o assunto agroecologia agradou os estudantes é a criação do GAMA, o Grupo de Agroecologia de Maringá, onde alunos dos últimos anos do curso de Agronomia orientam os calouros e trocam conhecimentos.

Ao NADS, Gama, disciplina Agroecologia e Sustentabilidade, junta-se ainda o Projeto de Pós Graduação dirigido pela professora Kátia Schwan-Estrada.

O que é Agroecologia

Agroecologia é um conjunto de técnicas, cada vez mais praticadas no mundo, para a produção de alimentos saudáveis para o consumo, livres de pesticidas, herbicidas e fertilizantes químicos.

O professora Kátia Regina Schwan-Estrada se interessou por Agroecologia quando ainda estava na graduação, na Universidade Federal do Espírito Santo. Se aprofundou mais no assunto enquanto fazia o Mestrado em Microbiologia na Federal de Viçosa, Minas Gerais e conheceu as publicações da engenheira agrônoma Ana Maria Primavesi, uma austríaca que lecionava na USP e foi uma importante pesquisadora das técnicas para produzir melhorando o solo e ainda evitando produtos químicos, além da agricultura orgânica, foi responsável por avanços no campo de estudo das ciências do solo em geral, em especial o manejo ecológico do solo.

 

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No curso de Agronomia da UEM, Kátia e seus alunos trabalham o cultivo consorciado, não plantam apenas um tipo de cultura na mesma área porque o monocultivo extrai da terra sempre os mesmos nutrientes e empobrece o solo. “Com o policultivo a planta retira o nutriente e ao mesmo tempo está dando outros nutrientes e faz um solo rico em micronutrientes”, diz a professora, esclarecendo que, como ciência multi transversal, a agroecologia preza muito o bem-estar do agricultor, da família, do consumidor, a conservação do meio ambiente, recursos naturais e manutenção das nascentes”.

Durante o curso de Agroecologia e Sustentabilidade os discípulos da professora Kátia Schwan-Estrada aprendem também sobre fitopatologia, que é o controle alternativo de doenças de plantas pela aplicação de extratos de plantas medicinais, óleos essenciais, fungos saprobios e leveduras, indução de resistência e outras técnicas, algumas delas já bastante antigas e que haviam sido substituídas pelo consumo exagerado de produtos químicos.

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