Jeremias puliquezi

Em “Zona 7”, Jeremias Puliquezi fala do bairro de Maringá que mais se modificou

A Zona 7 de Maringá, até algum tempo atrás conhecida como Vila 7, não é um bairro qualquer: é o que mais sofreu modificações ao longo da história e hoje é diferenciado por ter uma população que está em constante movimento e que chega com data marcada para ir embora. Mas, para Jeremias Puliquezi traduzir tudo isso em um livro não chega a ser uma tarefa difícil, afinal, ele nasceu na Vila 7 quando eram construídas as primeiras casas, cresceu percebendo todas as modificações que aconteciam e até hoje, 67 anos depois, continua no mesmo bairro. E sempre atento às mudanças.

Quem conhece Jeremias Puliquezi sabe que “Zona 7” é um livro de uma vida inteira. A impressão que se tem é que desde a meninice, quando calçava o Kichute para bater bola nos campinhos que surgiam em qualquer terreno baldio da vila, ele já estava trabalhando no livro.

Jeremias Puliquezi

Puliquezi diante de tela em que pintou sua mãe e irmãs na casa em que nasceu, na Rua Tietê

A curiosidade em saber de tudo e de todos, as anotações que fazia e transformava em crônicas durante a noite, as fotos que fotografou, revelou e guardou por décadas, as fotos que pediu aos amigos… tudo isto somado ao fato que aprendeu a fazer pinturas em tela para retratar situações que não foram fotografadas ou foram fotografadas mas não com as cores verdadeiras, eram preparações para o livro.

Uma vila em movimento

Para Jeremias Puliquezi era primordial que este livro saísse neste momento, enquanto personagens que estiveram nos primeiros dias do bairro pudessem conferir as mudanças que aconteceram. Também para evitar que determinados fatos caíssem no esquecimento.

A Zona 7 é a vila de Maringá que mais se modificou nas últimas décadas, especialmente pela presença da Universidade Estadual de Maringá (UEM), que levou as velhas casas de madeira primeiro serem transformadas em repúblicas para os estudantes que vinham de outras cidades ou Estados, depois substituídas por prédios de apartamentos com condições próprias para receber os universitários.

É uma vila onde já não se cultiva amizades entre vizinhos, já que boa parte dos moradores aluga apartamento apenas para o ano letivo, entregando-o em dezembro e, quando retornam para o ano letivo seguinte, alugam outro imóvel, às vezes em outra parte da vila.

Os atuais moradores da Zona 7, diferente daqueles do início, sabem que só vão morar no bairro no período em que estiverem na universidade. Quando concluem o curso, geralmente retornam às suas cidades de origem.

 

A vila que tem tudo

Outro fator que faz da Zona 7 uma região diferenciada da cidade de Maringá é a quantidade de aparelhos públicos nela existente. Foi na Vila 7 que em 1953, quando Maringá ainda não tinha energia elétrica, que foi construída uma usina para gerar energia para abastecera cidade. A usina, cujo prédio existe até hoje nas margens do Ribeirão Mandacaru, foi a primeira geração sob responsabilidade do Governo do Paraná e serviu de embrião da Companhia Paranaense de Energia Elétrica, a Copel.

jeremias puliquezi

A usina a óleo diesel instalada em 1953 foi a primeira geração oficial de energia elétrica e deu origem à Copel Foto: Arquivo

Também estão na Zona 7 o Estádio Willie Davids, a Vila Olímpica, os ginásios de esportes Chico Netto e Waldir Pinheiro e foi por muito tempo a zona com mais colégios – Santa Maria Goretti, Gastão Vidigal, Vital Brasil e Ipiranga, além de um Ceebeja, um Colégio de Aplicação Pedagógica, uma escola municipal e duas das maiores escolas particulares de Maringá.

 

Lançamento prestigiado

Jeremias Puliquezi, funcionário da Copel aposentado, lançou na terça-feira, 21 de dezembro, o livro “Zona 7”, o terceiro volume do Projeto Memória dos Bairros, que a prefeitura de Maringá implantou por meio da Gerência de Patrimônio Histórico.

Rico em história, causos reais e fotos de diferentes momentos, “Zona 7” é bom material tanto para quem deseja conhecer a história do bairro e seus personagens, quanto para os antigos moradores recordar fatos, lugares e pessoas e, ao mesmo tempo, constatar o quanto a velha Vila 7 se modificou.

O lançamento de “Zona 7”, no Teatro Calil Haddad,  foi o último evento do ano realizado pela Secretaria de Cultura, que só nos últimos seis meses promoveu o Mês da Música, o Festival de Música Cidade Canção (Femucic), foi parceira no Festival Afrobrasileiro e chegou em dezembro realizando a Virada Cultural, a Festa Literária Internacional de Maringá, a FLIM.

Escritor prestigia escritor

Entre o público que prestigiou o evento estavam vários autores de livros, como Dirceu Herrero, Reginaldo Benedito Dias, João Laércio Lopes Leal, Angela Regina Ramalho Xavier, Tiago Valenciano, Marco Antonio Deprá e Pedro Deprá, quase todos membros da Academia de Letras de Maringá.

Também moradores da Zona 7, antigos e atuais, participaram do lançamento e levaram seus exemplares, onde certamente verão muitos locais e pessoas que hoje só existem na memória e estão sendo resgatados pelo livro de Puliquezi.

O livro teve a participação do historiador João Laércio, do Patrimônio Histórico, experiente neste tipo de publicação e que orientou Jeremias na organização do material coletado. Também se destaca o trabalho da dupla Carlos Alexandre Venâncio e Jefferson Domingos de Oliveira na Produção Editorial, desde digitação até a restauração de fotos antigas. Foram muito importantes na ilustração as telas pintadas pelo próprio Puliquezi, que foram primordiais no visual do livro, a começar pela capa.

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